Dirigido por Márcio Garcia, Reação em Cadeia é um movimentado filme de ação que reúne vários temas contemporâneos. São eles: políticos e empresários corruptos, tráfico de drogas, crime organizado, Polícia Federal, bem como corrida de carros. Em outras palavras, se deixa influenciar por produções como a série O Mecanismo, a franquia Velozes e Furiosos e um pouco por Tropa de Elite.
A trama
A história se passa no Rio de Janeiro. Guilherme é um auditor certinho, ou nerd, como ele mesmo admite. Por isso, se dedica demais ao trabalho e sacrifica seu tempo com a mulher e a filha pequena, e acaba perdendo-as. Quando ele é contratado como contador principal do milionário empresário Vieira, é forçado a trabalhar em esquemas ilegais.
Enquanto isso, se reencontra com Lara, antiga paixão da época do colégio. Porém, ela e o namorado estão envolvidos com a gangue de traficantes liderada pelo perigoso Cabeça. Então, Guilherme bola um plano genial que pode livrá-lo de Vieira e tirar Cabeça da vida de Lara e seu namorado Zulu.
Como se pode deduzir pela sinopse, originalidade não é o forte do roteiro de Reação em Cadeia. Aliás, nem em seu nome, nem no uso de um batido flash-forward no início do filme. Ademais, Bruno Gissoni, no papel de Guilherme, faz a narração recorrente no filme com a mesma entonação de Selton Mello em O Mecanismo. Sob outro aspecto, o roteiro possui algumas situações pouco convincentes, como a entrada tranquila de Guilherme no covil dos traficantes. Além disso, o filme não expõe um plano mirabolante que leva os bandidos para a prisão.
A direção
No entanto, Márcio Garcia constrói com eficiência um ritmo acelerado que demostra que o objetivo aqui é ser movimentado, e não um heist movie ou filme denúncia. Da mesma forma, não se preocupa em aprofundar seus personagens. Mas, as cenas de ação funcionam, em especial a perseguição de carro, realizada com uma produção acima da média no Brasil.
As doses de violência e sensualidade estão bem reguladas, porém, um pouco mais de ousadia cairia bem. Afinal, o filme traz drogas em sua trama, o que já acarreta em uma restrição de idade para o público.
Ainda em relação à direção, merece destaque o truque que parece inspirado em O Silêncio dos Inocentes. É quando vemos Guilherme sentado, esperando por alguém, e, em paralelo, Lara chegando em casa. Logo, condicionados como somos à gramática griffithiana, deduzimos que os dois se encontrarão. Porém, a conclusão dessas sequências apresenta outro desfecho, bem mais conservador e coerente com a personalidade do protagonista.
Elenco
Quem interpreta o personagem principal Guilherme é Bruno Gissoni. Há um esforço em caracterizá-lo como um nerd, mas ele ainda parece galã demais para o papel.
Como Lara, Monique Alfradique se encaixa fisicamente. Contudo, sua personagem parece dar bandeira demais de que é uma intrusa na festança na mansão de Vieira.
Mas, esses pontos não comprometem e Bruno Gissoni e Monique Alfradique realizam um competente trabalho que mantém o ritmo do filme em máxima aceleração.
Além deles, um especial destaque positivo no elenco é Adriano Garib, como Tadeu, o melhor amigo de Guilherme. É um personagem carismático, que rouba a cena toda vez que aparece. Ele equilibra a faceta do homem astuto e experiente com outra de um fracassado profissionalmente. Seu jeito malandro lembra o de outro personagem interpretado pelo ator, na série Magnífica 70.
Enfim, com produção caprichada, Reação em Cadeia não desaponta, e até surpreende quem busca uma boa diversão descompromissada.
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Ficha técnica:
Reação em Cadeia | 2018 | Brasil | 96 min | Direção: Márcio Garcia | Roteiro: Márcio Garcia, Thiago Dottori | Elenco: Monique Alfradique, Bruno Gissoni, André Bankoff, Adriano Garib, Silvio Matos, Juliana Knust, Victor Lamoglia, Chico Melo, Junior Lisboa Calheiros.
Distribuição: Paris Filmes e Downtown Filmes.
