Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes revela que a superprodução de Zack Snyder só tinha fôlego para um longa de, no máximo, duas horas e meia. O enredo não sustenta o formato em que foi lançado, em dois filmes de mais de duas horas, totalizando quatro horas e quinze minutos. É por isso, e somente por isso, que essa segunda parte soa um pouco melhor.
A primeira parte causou estranheza porque não reservou tempo para apresentar os heróis da estória. Só para refrescar a memória, uma vila do planeta Veldt é ameaçada pelo Império, e a nova moradora do local, Kora (Sofia Boutella) recruta guerreiros pela galáxia para defendê-la. A trama se resume à busca pelos aliados e, por fim, a turma de heróis derrota e assassina o vilão, Almirante Noble (Ed Skrein). Como dito antes, sem que nem saibamos adequadamente quem são esses personagens.
A segunda parte, então, se encarrega de fazer as devidas introduções. Contudo, insere-as sem nenhuma sutileza. Juntas os heróis numa mesa e, um a um, eles devem contar sua história. Não poderia ser mais forçada essa solução. E, entre, as origens, apenas a de Nemesis (Doona Bae) é interessante. Para piorar, agora que finalmente o público pode conhecer melhor esses personagens, alguns deles morrem no confronto final. O problema, no fundo, é ter uma quantidade tão grande de heróis, o que prejudica uma dedicação maior a cada um deles.
Outra história Star Wars?
O enredo também não ajuda. O Almirante Noble se salva da morte, e quer se vingar de Kora. Por isso, retorna com força total para o planeta Veldt. Assim, o grupo de heróis tenta treinar os fazendeiros e montar uma estratégia para surpreender os invasores. É por isso que esse filme soa tão redundante. Inicia-se com a vila em perigo, vai ao espaço para uma batalha de proporções épicas, depois retorna para a mesma situação da vila em perigo. A justificativa poderia ser a construção de um grupo coeso formado por heróis com profundidade, mas, como vimos, nada disso acontece.
A segunda parte, além disso, reforça as críticas negativas sobre Rebel Moon ser uma cópia lavada de Star Wars, que surgiram já na parte um – afinal, a trama se fundamenta na luta de rebeldes contra o Império. Desta vez, a similaridade culmina no duelo final entre Kora e Noble. Eles não usam sabres de luz, mas espadas de vidro colorido, numa referência mal disfarçada.
O que salva é a capacidade de Zack Snyder dirigir cenas de ação repletas de efeitos visuais. Responsável por alguns dos principais filmes com super-heróis da DC, Snyder está à vontade nesse ambiente, e integra com competência a computação gráfica com a coreografia dos atores e dublês. Como senão, abusa demais do slow motion, forçando o suspense sem necessidade.
O primeiro filme de Rebel Moon, portanto, ficaria melhor num longa mais enxuto, que apresentasse com mais consistência seus personagens, que deveriam ser em menor número, e um enredo sem idas e vindas. A intenção, como a conclusão mostra, é manter o material como uma franquia. Mas esse lançamento pouco empolgante pode frustrar esse objetivo.
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Ficha técnica:
Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes | Rebel Moon – Part Two: The Scargiver | 2024 | 122 min | EUA | Direção: Zack Snyder | Roteiro: Shay Hatten, Kurt Johnstad | Elenco: Sofia Boutella, Djimon Hounsou, Ed Skrein, Michiel Huisman, Bae Doona, Ray Fisher, Elise Duffy, Anthony Hopkins (voz), Staz Nair, Fra Fee, Charlotte Maggi, Sky Yang, Cleopatra Coleman, Daisy Davis, Sisse Marie, Jena Malone, Josefine Lindegaard.
Distribuição: Netflix.