Em Para o Outro Lado, Kiyoshi Kurosawa aborda novamente o sobrenatural, desta vez dentro do gênero drama.
Fantasmas no cinema nem sempre existem para assustar. No filme Para o Outro Lado, vários continuam entre os vivos, sem que estes percebam. Mizuki perdeu seu marido Yusuke há três anos, quando este foi para o mar com seu barco e nunca mais retornou. Então, ele volta para casa, explica a Mizuki como morreu, e a convida para uma viagem para lugares belíssimos. Mizuki lhe afirma que estava esperando por seu retorno.
As visitas
E os dois partem para a jornada, onde visitarão endereços onde Yusuke morou após a morte. A primeira parada, na casa do velho Shimagake, que está morto, mas ainda não entende essa sua nova condição. Para ele, seu trabalho precisa ser feito, por isso se recusa a aceitar a ideia de que está morto. Ficam ali até ele reconhecer que morreu e partir para o mundo dos mortos.
Depois, Mizuki e Yusuke vão para a casa de um casal proprietário de um restaurante. Lá, quem morreu é a irmã de Kaoru, a dona do estabelecimento, quando ainda era criança. Kaoru havia brigado com a caçula pouco antes de ela morrer, e até hoje se sente arrependida. Por isso, a menina volta para o mundo dos vivos e perdoa a primogênita.
Por fim, a última parada é um vilarejo onde Yusuke é adorado pela comunidade porque lhes dá aulas gratuitas sobre ciências. A pessoa morta do local é o filho do amigo de Yusuke, que continua preso ao mundo dos vivos porque sua mulher, viúva, não deixa que ele se vá. Desta vez, a transição para o outro mundo exige um ato mais violento.
E essas experiências servem para que Yuzuke mostre a Mizuki que ele também deve partir. Ou seja, como todos os mortos que eles conheceram recentemente.
Mas o filme possui um ritmo lento, transitando entre o drama e o romance, sem apresentar surpresas. Trata da aceitação da morte, e sua trilha sonora musical convida a essa reflexão. Não é tão fácil se identificar com os protagonistas, porque seus passados ou conflitos não são apresentados. Como resultado, Para o Outro Lado não emociona tanto quanto deveria.
