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Renegando o meu sangue (filme)
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Renegando o Meu Sangue

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

O diretor Samuel Fueller sempre escolheu filmar sem se preocupar com as fórmulas clássicas dos gêneros cinematográficos. E isso, mesmo quando fazia um faroeste, um dos gêneros mais tradicionais do cinema. Renegando o Meu Sangue comprova isso.

Mais do que um filme repleto de ação, esse faroeste de Samuel Fuller privilegia a discussão ideológica. Reflete sobre dois assuntos: o antagonismo entre os estados sulistas e os confederados, que levou à Guerra da Secessão, e a invasão selvagem do território indígena pelos brancos. Por isso, o ritmo do filme é lento, apenas a conclusão reserva momentos empolgantes de combate entre índios e soldados dos Estados Unidos.

Fim da Guerra da Secessão

Renegando o Meu Sangue se inicia exatamente no dia do fim da Guerra da Secessão, 9 de abril de 1865, em Appomattox, Virginia. Um soldado sulista, O’Meara, acerta um tiro em um tenente confederado, mas consegue apenas feri-lo. Logo, O’Meara leva o inimigo alvejado até o seu quartel e é informado que os sulistas se renderam. O filme acompanha então sua posição radical em relação à unificação dos estados americanos frente a sua família e amigos. Sentindo-se isolado, decide partir para o Oeste, onde acaba se unindo à tribo de índios sioux.

O ritmo até então lento ganha um pouco de velocidade quando O’Meara aceita guiar uma tropa de soldados dos Estados Unidos, agora unificado, através do corredor liberado pelos sioux até o local onde construirão um forte. Porém, alguns índios revoltados acabam provocando a morte do capitão. Então, aquele tenente ferido no início do filme assume o comando à revelia para construir o forte em território sioux, e isso provoca o confronto entre os índios e os soldados.

Sem patriotismo

Samuel Fuller assume uma posição arrojada nos anos 1950, ao não abraçar o patriotismo nacionalista americano em Renegando o Meu Sangue. Adicionalmente, é provocador em relação à questão indígena. Mostra, alegoricamente, que o homem branco age com violência sem tentar primeiro entender a cultura indígena, quando um soldado atira em um índio que disputava uma corrida com O’Meara, uma alternativa não violenta para resolver o conflito. Essa situação simbólica está no nome original do filme, “Run of the Arrow”. Ou seja, quem é mais selvagem: o branco ou o índio?

Além disso, Fuller também retrata corajosamente a derrota dos soldados no combate contra os sioux. E conta a estória do ponto de vista do renegado O’Meara, que não engole o discurso da unificação dos estados. Simbolicamente, a bandeira dos EUA pega fogo no filme, e O’Meara rejeita o que sobrou dela. Provoca, ainda, no final do filme, ao colocar uma frase na tela jogando a responsabilidade do futuro do novo país aos seu povo.

A presença de Rod Steiger no papel de O’Meara acrescenta densidade a Renegando o Meu Sangue. Ator que se notabilizou em papeis sérios, como em No Calor da Noite (In the Heat of the Night, 1967) e Sindicato de Ladrões (On the Waterfront, 1954), Steiger provoca a reflexão do público com as argumentações de seu personagem. E, o filme ainda tem Charles Bronson, em um dos seus primeiros filmes para o cinema, como um sioux e Angie Dickinson numa ponta.

Renegando o Meu Sangue é um faroeste para quem quer mais do que lutas entre mocinhos e bandidos. Não é nenhuma surpresa, afinal, é um filme de Samuel Fuller.


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