O filme Revoada, de José Umberto Dias, reaproxima o cinema brasileiro do faroeste estadunidense, através das semelhanças entre o sertão nordestino e o deserto do velho oeste, e entre os cangaceiros e os pistoleiros americanos. Mas com uma diferença crucial: no longa de José Umberto Dias, os protagonistas não são heróis. Pelo contrário, sem romantizar esses personagens que atemorizaram o Nordeste. Os cangaceiros roubam, estrupam e matam com crueldade suas vítimas, violência estampada na tela sem filtros.
O enredo se passa em 1938, quando chega a notícia sobre a morte do maior dos cangaceiros, Lampião. Um grupo de seguidores, sob a liderança de Lua Nova (Jackson Costa) e sua namorada Jurema (Analu Tavares), parte para a vingança contra os policiais (a quem eles chamam de macacos). No trajeto, continuam a praticar suas bandidagens. Uma senhora dona de uma fazenda é uma das vítimas, e o filme faz questão de apresentá-la ao espectador antes de sofrer as atrocidades dessa quadrilha, para enfatizar a barbárie do ato criminoso. No embate verbal entre os dois, o filme lembra um teatro filmado, tanto pelas falas empostadas quanto pela câmera que gira ao redor dos atores.
O bando corre de forma desenfreada e sem saber exatamente para onde ir. Alguns integrantes se desentendem, não há um movimento coordenado. Assim, viram presas fáceis para a polícia que os persegue. A trilha musical, apropriadamente tocada em instrumentos regionais, é estridente. Junto com a movimentação da câmera que privilegia a tremulação, forma-se o cenário crepuscular do domínio dos cangaceiros. Revoada registra esse fim, sem julgar, mas longe de exaltar essas figuras que muitos abraçavam como heróis.
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Ficha técnica:
Revoada | 2024 | Brasil | 85 min | Direção: José Umberto Dias | Roteiro: José Umberto Dias | Elenco: Jackson Costa, Annalu Tavares, Edlo Mendes, Nelito Reis, Aldri Anunciação, Gil Teixeira, Caio Rodrigo, Nayara Homem, Bernardo D’El Rey, Sérgio Telles, Christiane Veigga, Carlos Betão.
Distribuição: Abará Filmes.
