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Rua Guaicurus (filme)
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Rua Guaicurus

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O longa Rua Guaicurus mistura registros documentais e encenações para revelar os flagrantes do cotidiano da maior zona de prostituição de Belo Horizonte. A captação mista não coloca filtros no que acontece nesse complexo de 25 hotéis, três mil trabalhadoras, ativo há 50 anos. Além disso, permite que o espectador se coloque numa posição impossível na prática. Ou seja, lá dentro dos quartos, onde toda a ação acontece.

Mas, mesmo os corredores já revelam situações que a maioria do público nunca presenciou, ou sequer imagina que sejam assim. São prédios antigos, sem nenhum luxo, e em cada pequeno quarto fica uma prostituta. Os frequentadores espiam para dentro de cada um, ou conversam com as mulheres nas portas, e escolhem com quem querem fazer o programa. Alguns pechincham, acham R$ 25,00 muito caro. Episódios inusitados ilustram a variedade de personagens que passam pelo local. Por exemplo, o cliente que vira amigo, o fetichista que pede uma depilação, o músico que consome as horas do programa tocando violão e cantando etc.

Embora tenha partes encenadas, o filme inteiro parece espontâneo. “Os hotéis na Guaicurus são de ambientes puramente sexuais. Quando você sente aquela atmosfera no filme, vê os clientes passeando pelo corredor, abordando as meninas, você percebe que é realmente daquele jeito que acontece. De fato, é realmente daquela forma que se trabalha no dia a dia, no cotidiano. Isso me chamou muita atenção porque é muito difícil de retratar.”, confessa Elizabeth Miguel. Uma das atrizes do filme, Elizabeth trabalhou como garota de programa naquela rua entre 2014 e 2017.

Dramatização

O diretor mineiro João Borges justifica o método que utilizou em seu primeiro longa-metragem. “A elaboração de um roteiro híbrido me ajudou a ter maior controle sobre o plano de filmagens, as locações, os personagens e atores que toparam participar”, conta o cineasta. Além disso, a utilização de atores se fez necessária porque era difícl conseguir a autorização de clientes e de donos dos hotéis para as filmagens.

Por isso, o diretor convidou atores para desempenhar esses papéis. “Convidei também uma atriz para fazer o papel da prostituta que estava começando na profissão. Mas os atores interpretaram seus personagens inspirados em histórias contadas durante o processo de pesquisa. Acho que essa relação contribuiu para a dramatização do filme, pois o ator profissional trazia segurança ao não-profissional. E este, em troca, contribuiu para a improvisação, a espontaneidade, aquilo que escapa ao controle. Enfim, dando o tom documental que o filme apresenta.”, conta o diretor.

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Ficha técnica:

Rua Guaicurus | 2019 | Brasil | 75 min | Direção e roteiro: João Borges | Elenco: Ariadina Paulino, Elizabeth Miguel, Shirley Santos, Carlos Francisco.

Distribuição: Embaúba Filmes.

Onde assistir:
Rua Guaicurus (filme)
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