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Saída à Francesa (filme)
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Saída à Francesa

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Em Saída à Francesa, Michelle Pfeiffer entrega uma atuação brilhante como uma socialite sexagenária em seu terceiro e derradeiro ato.

A viúva Frances Price esgotou os recursos que herdou. Então, vende os seus últimos bens e aceita se mudar para o apartamento em Paris que uma amiga lhe empresta. A oferta lhe cai bem porque assim conseguirá ficar longe do escândalo que envolveu a morte de seu marido. Seu filho único Malcolm, na casa dos vinte anos, a acompanha, apesar de ter que abandonar sua noiva abruptamente. Porém, Frances não está preparada para viver sem o luxo com o qual está habituada.  

Adicionalmente, outro personagem acompanha Frances e Malcolm. É o Pequeno Frank, o gato preto que é a encarnação do falecido marido Franklin. Sim, porque o filme entra no campo espiritual, inclusive com algumas rodas guiadas por uma médium através das quais acontecem conversas com o morto. E elas são essenciais para a narrativa, pois Frances pretende dizer adeus à vida quando seu dinheiro acabar. Porém, percebemos que ela sente a necessidade de estar em paz consigo mesma antes de partir.

Paz interna

Primeiro, ela tenta alcançar essa paz dando altas somas de dinheiro a moradores de rua. Contudo, percebe que essa não é a solução. É interessante como as pilhas de notas de euros que ela mantém em seu guarda-roupas marca o tempo que resta de sua vida. E Frances esbanja dinheiro para acelerar esse processo.

Enfim, a primeira sessão de mediunidade indica o ódio que Malcolm sente em relação ao pai, que abandonou a família após o seu nascimento. Com isso, fica evidente que essa é a questão essencial que Frances precisa resolver antes de acabar com sua vida.

Sentimos que a intenção de Frances é deixar Malcolm pronto para encara a vida sozinho, longe das asas da mãe. Afinal, ela foi sempre superprotetora e o rapaz se tornou um adulto imaturo, incapaz de resolver decentemente seu relacionamento com a namorada.

Isso explicaria o motivo de Francis gastar todo o seu dinheiro, sem deixar uma reserva para o filho. Para ela, é melhor tirá-lo da zona de conforto para, assim, ele amadurecer.

O elenco

Michelle Pfeiffer, no papel de Francis, entrega uma interpretação brilhante. Sua personagem não é ordinária, vivenciou experiências duras, ao mesmo tempo que se habituou ao luxo. Em outras palavras, passou um tempo na prisão por não avisar prontamente sobre a morte do marido. Mas, agora, é incapaz de se adaptar a uma vida simples, sem dinheiro. Por isso, prefere o suicídio.

A atriz enfrentou partes difíceis de se interpretar, pois beiram o inverossímil. Diante delas, Pfeiffer acerta ao não exagerar na sua atuação. Dessa forma, a decisão radical soa pertinente para sua personagem.

Como a maioria das atrizes de sua geração, Pfeiffer também se submeteu a questionáveis cirurgias plásticas, ao invés de envelhecer com a beleza da velhice natural. Curiosamente, para esse papel específico, essas intervenções caem bem, pois a Francis do filme certamente as teria feito também.

Outro destaque no elenco é o jovem ator Lucas Hedges. Antes, ele havia surpreendido como o viciado em drogas e filho de Julia Roberts em O Retorno de Ben (2018). Além disso, já foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por Manchester à Beira Mar (2016). Em Saída à Francesa, ele está igualmente soberbo, com uma atuação intensa.

A direção

Saída à Francesa representa um passo importante para o diretor Azazel Jacobs. Até agora, ele dirigiu com competência dramas independentes. O seu último longa, The Lovers (2017), inclusive, trazia outra estrela em idade avançada, Debra Winger. Ao seu lado, estava Tracy Letts, que interpreta a voz de Franklin neste novo filme.

Com um orçamento maior, Jacobs apresenta uma direção segura, com bela fotografia em locações em Nova York e Paris, e os corretos enquadramentos e movimentos de câmera nas cenas internas. Em todos os momentos, ele preserva a textura luxuosa inseparável da protagonista do filme.

Enfim, o maior trunfo de Saída à Francesa é a personagem central complexa, ainda mais porque chega às telas com o brilhantismo de Michelle Pfeiffer. Por outro lado, o que enfraquece a estória, para muitos, é recorrer ao espiritismo para resolver os seus conflitos. Tivesse o roteiro trilhado pelo mergulho na mente da protagonista, o alcance do filme seria mais abrangente.  


Saída à Francesa (filme)
Saída à Francesa (cena do filme)
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