Sylvester Stallone vive um personagem com superpoderes em Samaritano (Samaritan). O filme apresenta as características do subgênero super-heróis, mas sem a grife que a Marvel ou a DC injeta em suas criações, mesmo quando trata de nomes que só os muito nerds conhecem. Nesse sentido, Samaritano se aproxima do que fez antes M. Night Shyamalan em seu ótimo Corpo Fechado (Unbreakable, 2000). E outro diferencial é que a narrativa se passa já no ocaso da vida do herói.
Acompanhamos a trama através da perspectiva de Sam (Javon ‘Wanna’ Walton), um menino de 13 anos que vive com a mãe num bairro pobre de uma cidade grande em decadência. Ele desconfia que seu vizinho Joe (Stallone) pode ser o seu ídolo Samatariano, dado como morto há 25 anos quando enfrentou seu irmão gêmeo Nêmesis. Ambos possuíam força descomunal, mas Samaritano era do bem e Nêmesis um vilão. A suspeita vira certeza quando Sam se envolve com a perigosa quadrilha liderada por Cyrus (Pilou Asbæk), e Joe intervém para salvá-lo. Porém, os planos de Cyrus são ambiciosos – ele quer reviver Nêmesis e espalhar o caos pela cidade.
O necessário tom fantástico tem espaço nesse filme por conta do personagem Sam. Não só porque ele é daqueles fãs que até desenham compulsivamente seu herói, mas acima de tudo por nutrir a esperança de que existe um ser como o Samaritano. Ou seja, alguém do bem que luta contra o mal. Essa pegada maniqueísta que marcava o gênero (e que hoje deixou de ser essencial) mantém o filme coeso até o seu final.
A direção de Julius Avery
Em relação às cenas de ação, Stallone ainda dá conta do recado. O diretor do filme, Julius Avery acerta ao optar por usar efeitos especiais (combates coreografados e golpes que arremessam as vítimas para longe) no lugar da computação gráfica (usada exageradamente em filmes da Marvel e da DC). Essa escolha até imprime um tom de nostalgia, chegando a lembrar seriados de TV como O Homem de Seis Milhões de Dólares (The Six Million Dollar Man, 1973-1978) ou O Incrível Hulk (1977-1982).
Mas o enredo não traz novidades, e parece repeteco do que já vimos antes. Embora guarde uma surpresa para o final, nunca surpreende. O carisma de Stallone ajuda, mas é uma diversão juvenil, e isso impediu o diretor Julius Avery de inserir cenas mais violentas como em seu filme anterior, o empolgante Operação Overlord (Overlord, 2018).
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Ficha técnica:
Samaritano | Samaritan | 2022 | 102min | EUA | Direção: Julius Avery | Roteiro: Bragi F. Schut | Elenco: Sylvester Stallone, Javon ‘Wanna’ Walton, Pilou Asbæk, Dascha Polanco, Sophia Tatum, Moises Arias, Martin Starr, Jared Odrick.