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Corpo Fechado (filme)
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Corpo Fechado

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Está de volta o interesse por Corpo Fechado, um dos melhores filmes do irregular diretor M. Night Shyamalan. Concretizando a pista lançada em Fragmentado (Split, 2016), também dele, as duas histórias se cruzarão em Vidro (Glass), já finalizado e com estreia programada para janeiro de 2019.

Vidro é o apelido de Elijah Price (Samuel L. Jackson), que nasceu com uma rara deficiência de densidade óssea e por isso é extremamente frágil. Sua inabilidade física o tornou um especialista em quadrinhos de super-heróis, hobby que se transformou numa profissão e também numa obsessão. Elijah busca na vida real uma pessoa com superpoderes. Então, sua busca o leva até David Dunn (Bruce Willis), quando ele aparece nos jornais como o único sobrevivente de um acidente com um trem descarrilhado. Mas David, um segurança de estádio em crise com a esposa, não compartilha a mesma ideia de Elijah, que tenta convencê-lo a salvar vidas como um super-herói inquebrável e com sensibilidade aguçada.

As fases de M. Night Shyamalan

O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999) e Corpo Fechado, realizados em sequência, marcam a fase áurea de M. Night Shyamalan, considerado à época tão promissor que se acreditava que se tornaria um gigante no nível de Steven Spielberg. Passados quase vinte anos, pode-se afirmar que essa promessa não se concretizou. No entanto, é compreensível que as apostas eram tão favoráveis, já que o cineasta indiano mostrava talento ímpar.

Aliás, como provam as seguintes sequências de Corpo Fechado comentadas a seguir.

Numa das primeiras cenas, quando David Dunn tenta flertar com uma moça que se senta ao lado dele no trem, Shyamalan filma o diálogo fugindo do óbvio de cortar de um personagem ao outro. A pessoa que fala é filmada pelo vão entre as duas poltronas da frente deles. Ou seja, como se a menina com quem David havia brincado antes estivesse observando, dando a sensação de que David fazia algo errado. E o espectador compartilha esse sentimento porque já havia visto ele escondendo sua aliança de casado.

Após o acidente do trem, quando o médico conversa com David, a câmera está fixa, atrás de uma maca onde há, em primeiro plano, uma pessoa deitada sendo tratada. Os dois conversam emoldurados pelo vão da porta, criando um enquadramento caprichado para a cena. Apenas como curiosidade, o ator que interpreta o médico é Michael Kelly, que viveria um dos protagonistas da série House of Cards, junto com Robin Wright, que aqui interpreta a esposa de David.

Por fim, o diretor emprega o extremo plongée com a semântica atrelada a este plano logo após David receber um bilhete com a pergunta: “Quantos dias de sua vida você esteve doente?”. A câmera posicionada no alto, sobre o personagem, indica que um ser superior, um deus, exige do personagem que aceite os poderes que lhe foram concedidos.

Construção do personagem

Shyamalan dedica especial atenção na construção de Elijah, desde seu nascimento, quando um espelho está atrás dele e da mãe logo após o parto. O vidro, futuro apelido do personagem, estará presente em todas as cenas em que ele é gradativamente apresentado. Quando menino, acompanhamos a conversa entre ele e sua mãe através do reflexo na tela de uma televisão. Já adulto, o vemos refletido no vidro que cobre uma ilustração de HQ de sua exibição, e a fachada da sua empresa é dominada por enormes janelas de vidro.

Esse rebuscamento que contribui para a narrativa da estória torna Corpo Fechado (“inquebrável” no título original) emocionante. Dessa forma, ganha um ritmo fluído que prende o interesse do espectador ao sempre revelar alguma informação surpreendente de maneira gradativa, até o último instante. Enfim, Corpo Fechado continua sendo um ótimo filme, mesmo depois de tantos anos.

Veremos se Vidro conseguirá elevar novamente o nome de M. Night Shyamalan.


Corpo Fechado (filme)
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