Samurai Marathon 1855 leva para as telas um evento que realmente aconteceu no fim da era dos samurais no Japão.
Em 1855, depois de 260 anos de fronteiras fechadas ao comércio e à cultura exterior, o Japão recebe visitas de oficiais e comerciantes dos Estados Unidos. E, dentre as novidades mais cobiçadas entre os japoneses, se destacam as armas de fogo. Por outro lado, o daimio, ou senhor feudal, das terras de Annaka está preocupado que os seus guerreiros estejam fora de forma devido ao longo período de paz. Então, ele cria uma maratona como incentivo para que todos se animem a se preparar fisicamente para o caso de uma invasão estrangeira.
O samurai Jinnai Karasawa é um espião do Xogum, o militar de mais alto grau do governo central do Japão. Infiltrado em Annaka, ele pensa que o senhor feudal local reúne os seus guerreiros para uma revolta armada e avisa o Xogum. Quando ele percebe que cometeu um engano e se trata apenas de uma maratona, já é tarde demais. O Xogum envia um grupo armado com revólveres para acabar com a suposta rebelião. Por isso, Annaka corre desesperadamente para chegar à fronteira a tempo de evitar o massacre.
Análise
A produção luxuosa desta coprodução do Japão e da Inglaterra não consegue esconder a insossa direção de Bernard Rose, cineasta cujos títulos mais famosos são O Mistério de Candyman (1992) e Minha Amada Imortal (1994). Primeiro, o prólogo de Samurai Marathon 1885 situa o cenário da abertura das fronteiras do Japão. Depois parte para Annaka, onde alguns personagens são apresentados brevemente, com exceção de Jinnai, que ganha bastante destaque. Mas quando a maratona começa, o filme se perde entre tantos protagonistas – a atenção se dilui e Jinnai deixa de ser o foco principal. Por isso, quando começa a batalha, é difícil o público se sensibilizar com a ação sem ter garantido antes a empatia pelos personagens.
Além de tudo, o filme não apresenta muita ação, concentrada especialmente na corrida, com poucas cenas de luta. Adicionalmente, algumas piadas sem graça estão espalhadas pela estória, sem contribuir em torná-lo mais interessante.
E Samurai Marathon 1855 ainda desperdiça a chance de explorar a relação entre o desembarque das armas de fogo do ocidente com a era dos samurais, quando a espada se identificava com esses guerreiros guiados por um código de honra.
Como resultado, o filme de Bernard Rose não consegue ir além de uma adaptação superficial de um evento histórico.
Ficha técnica:
Samurai Marathon 1855 (Samurai Marason, 2019) Japão/Reino Unido. 103 min. Dir: Bernard Rose. Rot: Bernard Rose, Hiroshi Saito, Kikumi Yamagishi. Elenco: Takeru Satoh, Nana Komatsu, Mirai Moriyama, Shota Sometani, Munetaka Aoki, Ryu Kohata, Yuta Koseki, Motoki Fukami, Shinsuke Kato, Mariko Tsutsui, Mugi Kadowaki, Danny Huston.