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Poster do filme "Saudosa Maloca"
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Saudosa Maloca

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O filme Saudosa Maloca traz um recorte pontual (até demais) da vida do compositor e cantor Adoniran Barbosa. O relato dá vida às letras da famosa canção do título (e aproveita detalhes de outras também). Ou seja, o período em que Adoniran morou numa casa velha e abandonada no bairro do Bixiga em São Paulo, tendo a companhia de Mato Grosso e Joca. Ficaram lá até o proprietário derrubar o imóvel para construir um prédio.

O tom do longa é de comédia, chegando ao pastelão no caso dos caricatos Mato Grosso (Gero Camilo) e Joca (Gustavo Machado), que trocam bofetões e entram em enrascadas como se fossem parte d’Os Três Patetas ou d’Os Trapalhões (aliás, Gero Camilo interpretou o Didi em Mussum, o Filmis, de 2023). Com Adoniran Barbosa (Paulo Miklos), cuja graça está nos erros seus erros de português, os três são caracterizados como adoráveis vagabundos. Não querem saber de trabalho e passam os dias bebendo no bar. Lá tocam samba e se engraçam com a garçonete Iracema (Leilah Moreno). E, tem o amigo Arnesto que se mudou para o Brás, outro personagem das canções de Adoniran.

Na mesma sintonia que eles, o filme também não se preocupa em progredir. A trama, de fato, não sai do lugar, e aposta em retratar como vivia o posteriormente famoso sambista paulistano. Nas telas, Adoniran tenta a sorte como músico profissional, mas a história aqui termina antes de ele ter qualquer sucesso além das rodas no bar do bairro.

Narrativa paralela

Para enriquecer a narrativa, o roteiro insere cenas com Adoniran já velho. No mesmo bar da juventude, ele conta a um garçom novato como foi a vida na época da saudosa maloca. Sem piadas e sem ter para onde ir, esses trechos se arrastam vagarosamente. O desfecho traça um paralelo da maloca com um incêndio criminoso provocado para expulsar os moradores de uma favela, onde mora o garçom. Crítica social com luvas de pelica. Por fim, sem maiores surpresas, mas com muitas delongas, o Adoniran idoso canta “Saudosa Maloca” para um público jovem, provando que sua obra é eterna.

No fim das contas, são mesmo os números musicais que animam o filme. Esses trechos aproveitam a riqueza desse compositor com talento natural, e também os dotes musicais de Paulo Miklos, o ex-Titãs que virou ator. Nesses momentos, os atores em cena não param tudo e começam a dançar e cantar como nos musicais, porém todos os presentes no bar entram no samba, como costuma acontecer.

Isso não se faz, Arnesto

A direção de Paulo Serrano não inova, se destaca apenas em alguns movimentos bem calculados. Por exemplo, na apresentação dos três protagonistas na maloca, com a câmera transitando de Adoniran a Mato Grosso, e Joca entrando no quadro ao abrir a porta no fundo. Quanto à produção, com exceção do bar, pouco fez para caracterizar a época da trama. Nesse sentido, parece até preguiçoso filmar as partes superiores de imóveis antigos que ainda estão de pé no centro de São Paulo. Da mesma forma, rechear os diálogos com partes das letras das canções de Adoniran Barbosa mais estampam um selo de falta de criatividade do que homenageiam o retratado, apesar de que deve ter sido essa a intenção.

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Ficha técnica:

Saudosa Maloca | 2023 | Brasil | 108 min | Direção: Paulo Serrano | Roteiro: Paulo Serrano, Guilherme Quintela, Rubens Marinelli | Elenco: Paulo Miklos, Gero Camilo, Gustavo Machado, Leilah Moreno, Sidney Santiago, Paulo Tiefenthaler, Carlos Gimenez, Izak Dahora, Zemanuel Piñero, Ney Piacentini, Noemi Marinho, Leiza Maria, Tassia Cabanas, Guilherme Rodio, Dagoberto Feliz, Raimundo Moura, Victor Salomão, Guilherme Conceição, Rodrigo Mazzoni, Eduardo Zanotti, Fabio Carvalho, Nataly Cabanas, Bruno Faldini, Alex Mazzanti.

Distribuição: Elo Studios.

Assista ao trailer aqui.

Gero Camilo, Paulo Miklos e Gustavo Machado sentados em uma escadaria.
Cena de "Saudosa Maloca"
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