Sem Rastros conclui um mistério envolvendo muitos criminosos com uma resolução surpreendente. O filme ganhou um outro título nacional, Procura-se.
O casal Wendy e Paul chega a um acampamento numa reserva natural pensando que a viagem em família ajudará a resolver a crise conjugal. Porém, logo no primeiro dia a filha única deles desaparece. Apesar do empenho do xerife Baker e sua numerosa equipe na procura pela criança, eles resolvem investigar por conta própria. No entanto, abalados emocionalmente, assassinam um homem que acampava sozinho, pensando ser ele o responsável pelo sequestro da filha. Depois, cometem ainda outro crime.
Como vítimas, Wendy e Paul querem colaborar com o xerife. Por outro lado, temem que ele descubra os seus delitos. Enquanto lidam com essas facetas antagônicas, ainda descobrem uma conexão do camping com a pornografia infantil.
Trama extrapola nos fatos
Mesmo resumida, essa sinopse já indica uma trama repleta de acontecimentos. Por um lado, isso deixa o ritmo de Sem Rastros muito ágil, evitando, assim, qualquer risco de tédio. Inclusive, porque adiciona ainda algumas sequências assustadoras de pesadelo. Porém, ao inserir uma quantidade de detalhes até exagerada, isso aumento outro risco, o de não amarrar bem as pontas. De fato, isso acontece em pelo menos um aspecto, que é o desaparecimento da esposa do trailer vizinho. O filme mostra que ela desapareceu quando o bote virou no lago, mas ninguém encontra o seu cadáver.
Sob certo aspecto, a pornografia infantil entra na trama para o xerife encerrar o caso desparecimento da menina. Mas, além disso, permite também a inserção do momento mais assustador do filme, quando Wendy sozinha invade os obscuros cômodos do criminoso. A direção de arte conseguiu construir um cenário horripilante dos prováveis cativeiros das vítimas, por onde a protagonista caminha com alguns trechos de câmera subjetiva.
Ótima resolução
Porém, o que coloca Sem Rastros acima da média entre as produções do gênero é a sua resolução. Na maior parte dos filmes, a solução do mistério provoca frustração, seja por apresentar uma elucidação óbvia demais ou, pior ainda, incoerente. Mas, o ator Peter Facinelli, que aqui escreveu e dirigiu seu segundo longa-metragem, consegue desvendar o mistério da criança desaparecida, e, também, dos crimes do casal, com uma explicação surpreendente e que faz todo o sentido. Como resultado, é um daqueles filmes que faz o espectador pensar que a solução estava evidente, mas que ele não foi capaz de pensar fora da caixa para enxergá-la.
Em suma, Sem Rastro é altamente indicado para fãs do subgênero whodunit, ou seja, aqueles filmes que colocam o espectador na missão de desvendar um crime. Afinal, apesar de exagerar na quantidade de crimes, a resolução é uma boa surpresa.
Alerta de spoiler (se você não assistiu ainda ao filme, é melhor não ler o próximo parágrafo)
Adicionalmente, outro aspecto positivo da trama é a redenção de um personagem aparentemente fracassado. Ou seja, é o rapaz drogado que percebe que a data no cobertor da menina desaparecida não condiz com a idade dela atual. Então, assim, o xerife investiga e descobre que o casal sofre perturbações psicológicas por não aceitar a morte da filha deles que aconteceu há anos. E, cujas fases, são didaticamente explicadas com imagens dos atos praticados pelos dois durante o filme.
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Ficha técnica:
Sem Rastros / Procura-se (The Vanished / Hour of Lead) 2020. EUA. 115 min. Direção e roteiro: Peter Facinelli. Elenco: Anne Heche, Thomas Jane, Jason Patric, Alex Haydon, Peter Facinelli, Aleksei Archer, Kristopher Wente, John D. Hickman.
Distribuição: A2 Filmes