Sequestro Relâmpago leva para as telas este temor urbano com muita autenticidade.
Marina Ruy Barbosa vive Isabel, uma jovem de classe média que sofre um sequestro relâmpago por dois bandidos que aplicam o golpe pela primeira vez juntos. Japonês (Daniel Rocha) e Matheus (Sidney Santiago) nem se conheciam, mas terceiros os recomendaram um para o outro. A dupla escolhe Isabel na saída de um boteco à noite, levam-na à força no carro dela para se dirigirem até um banco eletrônico e sacarem seu dinheiro.
Para desgraça da vítima, o caixa eletrônico não permite o saque por causa do horário. Por isso, os bandidos resolvem mantê-la refém até a manhã do dia seguinte. O medo aumenta porque ela desperta o interesse sexual dos dois homens. Sem heroísmo, mas com coragem e astúcia, ela tenta tornar a situação menos perigosa, trabalhando a rivalidade que surge entre os comparsas.
Filmado majoritariamente em locações, Sequestro Relâmpago capta com beleza e autenticidade a paisagem noturna dos bairros centrais e da periferia de São Paulo, fugindo dos lugares clichês. Aliás, sendo essa uma história baseada em fatos, essa autenticidade se faz mais do que necessária.
Tensão realista
Sequestro Relâmpago mantém um constante clima de suspense, e prende a atenção do espectador por alternar, dentro dessa tensão, situações de maior ou menor perigo. Por causa da boa construção da personagem de Isabel, o público torce por ela todo o tempo. Isso é desafiador, porque o filme precisa tirar a aparência de patricinha dela e torna-la uma moça como todas as demais potenciais vítimas desse crime. Caso contrário, o público pode até criar antipatia em relação à protagonista, o que arruinaria o filme.
E a direção e o roteiro vencem esse desafio. Isabel busca a todo custo escapar dessa situação, tentando algumas fugas durante a jornada. Procura também provocar uma briga entre a dupla. Mesmo fragilizada fisicamente, ainda mais diante de dois homens armados, ela vence alguns rounds ao atacar verbalmente seus opositores. Quando ela agride Matheus com base em sua superioridade cultural, o bandido sente o golpe e não consegue revidar.
Dentro desse embate tenso, Sequestro Relâmpago não se deixa levar pela empolgação e se mantém realista até o final. Afinal, esse pesadelo não pode receber coberturas adocicadas. A conclusão é cruel, mesmo sendo um final aberto.
Ficha técnica:
Sequestro Relâmpago (2018) Brasil. 85 min. Dir: Tata Amaral. Rot: Marton Olympio, Henrique Pinto, Tata Amaral. Elenco: Marina Ruy Barbosa, Sidney Santiago Kuanza, Daniel Rocha, Projota, Linn da Quebrada.
Pagu Pictures