Sexta-Feira 13 – Parte 2, lançado apenas um ano depois do primeiro filme, conta com o estreante Steve Miner na direção, substituindo Sean S. Cunningham. Deu conta do recado e, por isso, dirigiu também o terceiro título da franquia.
Aqui começa a surgir o Jason Voorhees com várias das características que o marcaram. Afinal, no filme anterior, ele não era o responsável pela matança no Camp Crystal Lake. Mas, ele viu todos os crimes que aconteceram ali, inclusive o assassinato de sua mãe, e essa é a amarração da trama para que ele surja agora, 23 anos depois de (quase?) ter se afogado devido às negligências dos jovens monitores do acampamento.
Para o espectador que não assistiu ao primeiro Sexta-Feira 13, a introdução desta sequência traz todas as informações necessárias sobre o que aconteceu, através dos pesadelos da sobrevivente Alice (Adrienne King). Esse trecho inicial traz muito suspense e jump scare, que levanta a possibilidade de um fenômeno sobrenatural.
O enredo deste segundo filme envolve personagens novos. Os jovens agora se reúnem num acampamento perto do Camp Crystal Lake para participarem de um treinamento. Já se passaram cinco anos desde a chacina que aconteceu ali, e o Jason que Alice alega ter visto no lago virou uma lenda. Mas, sedento de vingança pela morte da mãe, e perturbado pelos crimes que testemunhou, Jason agora vai atacar pela primeira vez.
Jason toma o protagonismo
O suspense e o jump scare da introdução retornam em outros momentos do filme, com eficácia. Steve Miner se mostra mais habilidoso que seu antecessor na construção da emoção nas cenas, sabendo esperar o momento certo até que aconteçam os ataques violentos. Nem todos são mostrados, alguns ficam nas elipses, com os detalhes fora da tela. As mortes possuem muita variedade (critério essencial para os fãs do gênero slasher). Além do característico corte do pescoço, Jason também mata um casal na cama com um só arpão que atravessa os dois corpos, ataca uma vítima pendurada numa corda, e assassina um cadeirante.
O filme, por outro lado, abre algum espaço para pequenos alívios cômicos. Entre eles, o carro do casal sendo guinchado no fundo da tela, enquanto os personagens estão em primeiro plano no telefone público. E o corte que associa um cão em perigo com as salsichas que estão na churrasqueira.
Na verdade, Steve Miner se beneficia da liberdade de não precisar filmar as matanças pela visão subjetiva do assassino, como aconteceu no primeiro filme. Agora, já é permitido mostrar a figura do Jason Voorhees, embora ainda sem a máscara de hóquei que se tornaria emblemática. No lugar da máscara, ele usa um saco de pano com dois furos para os olhos. Porém, o filme não frustra o espectador, que pode ver o rosto desfigurado do serial killer – por ter sobrevivido ao afogamento (ou ressuscitado?). É uma sequência à altura, que não se torna apenas uma cópia, porque o protagonista da franquia, Jason, passa a tomar a frente da história enquanto se constrói as suas características.
___________________________________________
Ficha técnica:
Sexta-Feira 13 – Parte 2 | Friday the 13th Part 2 | 1981 | 87 min. | EUA | Direção: Steve Miner | Roteiro: Ron Kurz | Elenco: Amy Steel, John Furey, Adrienne King, Kirsten Baker, Stuart Charno, Warrington Gillette, Walt Gorney. Marta Kober, Tom McBride, Bill Randolph, Lauren-Marie Taylor, Russell Todd, Betsy Palmer.