Sinfonia de Paris (An American in Paris) reúne artistas virtuosos da dança e da música. Gene Kelly e Leslie Caron na dança e Oscar Levant (exímio no piano) e o cantor Georges Guétary na música tornam esse filme um deleite para quem ama essas artes. Para os fãs de cinema, o virtuosismo surge na direção de Vincente Minnelli.
A apresentação dos três personagens principais masculinos, para começar, já revela a alta capacidade inventiva de Minnelli. Por exemplo, no caso de Jerry Mulligan (Gene Kelly), a câmera sobe verticalmente do nível da rua até o apartamento do protagonista, antes parando em outro andar para brincar que aquele não é ele (piada ainda hoje muito comum no cinema). A narração em primeira pessoa acompanha essa introdução, e voz e imagem se complementam para descrever quem é Jerry. Um ex-soldado americano, ele resolveu ficar em Paris para seguir com a carreira de pintor. Mas mora num apartamento minúsculo, pois ainda não consegue vender seus quadros. É genial a forma como o filme mostra Jerry se virando para alternar os móveis que precisa usar.
Seu amigo Adam Cook (Oscar Levant), que mora no mesmo prédio, é um compositor. Atualmente, ele está trabalhando para o famoso cantor francês Henri Baurel (Georges Guétary).
As duas personagens femininas entram logo depois. Milo Roberts (Nina Foch) é uma americana rica que pretende investir em Jerry – com segundas intenções. Quanto a Lise Bouvier (Leslie Caron), ela deve sua vida a Henri, que a salvou na guerra quando criança. Agora que ela tem 19 anos, ele pretende se casar com ela. O conflito surge quando Jerry se apaixona à primeira vista por Lise que, depois, também retribui o sentimento. Mas, para esse casal dar certo, cada um deles deve mudar o rumo que suas vidas tomaram.
Sequências musicais inesquecíveis
Sinfonia de Paris desfila vários números musicais memoráveis. Desde aqueles com apenas dois personagens (o melhor deles é o dueto entre Jerry e Adam), até o final grandioso de 17 minutos, protagonizados por Jerry e Lise, junto com dezenas de dançarinos em diversos cenários. Tudo filmado com os suaves movimentos de câmera que acompanham (e destacam) a coreografia. Um momento inesquecível, só possível após muito ensaio e planejamento. O trecho representa o que se passa na mente de Jerry, desiludido porque sua amada se casará com um homem que ela não ama.
Outro momento incrível é a sequência imaginada por Adam, que vislumbra trabalhar por conta próprio como compositor. Revelando o talento como pianista do ator Oscar Levant, que o interpreta, Adam se vê tocando vários instrumentos em uma apresentação de sua própria sinfonia.
Estreia de Leslie Caron
O filme só não é perfeito por conta de Leslie Caron. Em seu filme de estreia, ela não tem presença na tela suficiente para ser a protagonista. Pelo menos, combina com o papel, pois interpreta uma jovem moça insegura. Mas, ela é engolida pela sua rival vivida por Nina Foch, talvez em sua versão mais deslumbrante nas telas. Além disso, se a personagem da mecenas americana soasse mais interesseira, seria menos difícil convencer o público que Jerry a descartasse de forma tão veemente para ficar com Lise. Por outro lado, como dançarina, Leslie Caron arrasa.
Sinfonia de Paris, de qualquer forma, está na lista dos melhores musicais hollywoodianos. No Oscar, venceu nas categorias de melhor filme, roteiro, fotografia, direção de arte, figurino, e música, sendo ainda indicado em direção e edição.
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Ficha técnica de “Sinfonia de Paris”:
Sinfonia de Paris | An American in Paris | 1951 | 114 min | EUA | Direção: Vincente Minnelli | Roteiro: Alan Jay Lerner | Elenco: Gene Kelly, Leslie Caron, Oscar Levant, Georges Guétary, Nina Foch.