O filme australiano Sting – Aranha Assassina mais diverte que assusta, o que não significa que seja bom ou ruim, apenas que, embora tenha algumas imagens horrendas, seu tom está mais próximo de um filme de ação do que de terror. O fato de contar com uma protagonista infantil pesa bastante nessa pegada mais leve e no ritmo acelerado.
A abertura já antecipa esse posicionamento. Traz uma senhora com problema de memória chamando um exterminador de pragas falastrão, que questiona várias coisas que se farão sentido conforme o enredo avança. Afinal de contas, esse trecho se trata de um flash forward, uma cena futura que visa criar ansiedade no espectador.
A história começa mesmo quatro dias antes. Uma chuva de meteoros traz uma pedra com o ovo de uma aranha, que eclode num pequeno edifício. Quem a encontra é Charlotte, uma menina de 12 anos interpretada por Alyla Browne, que depois encarnaria a versão jovem da heroína de Furiosa (2024). Sem saber que se trata de uma espécie alienígena, Charlotte a recolhe em um vidro e a alimenta com insetos. Mas, quanto mais come, mais a aranha cresce numa proporção extraordinária. Quando um estudante de biologia meio maluco, que mora no prédio, oferece seus animais de cobaia para a aranha, ela fica maior que um cachorro e passa a caçar alimentos entre os vizinhos.
Um ambiente claustrofóbico
O cenário se restringe ao prédio, o que não só ajuda na produção, como ainda cria uma ambientação claustrofóbica. Os personagens – os moradores e o exterminador – são interessantes. O núcleo principal foge do padrão, pois Charlotte mora com sua mãe Heather (Penelope Mitchell) e com o novo marido dela, Ethan (Ryan Corr), e o bebê do casal. E a relação de pai e filha entre Ethan e Charlotte ainda está em formação, o que garante a dramaturgia da trama. Juntos moram a avó de Heather, que está com perda de memória, e sua irmã Gunther, que parece a reencarnação de Hitler. Tem ainda o já citado estudante de biologia e uma mulher espanhola alcóolica que perdeu a família.
A maior parte das mortes possui sua dose de gore. A mais forte envolve a mulher alcoólatra, uma das primeiras vítimas, quando a aranha ainda não está tão grande. Só o fato de a alenígena manter suas presas envoltas em um casulo de teia já proporciona imagens horripilantes.
Direção e roteiro
A direção de Kiah Roache-Turner, que também é o autor do roteiro, abraça o estilo habitual do gênero terror. A câmera se movimenta fluidamente pelos cômodos e de um apartamento a outro. Muitas vezes, passeia pelos dutos de ar, caminho usado pela levada Charlotte e também pela aranha quando atinge dimensões maiores. Roache-Turner faz um criativo uso dos falsos jump scares, pregando sustos com objetos e sombras que se assemelham à aranha assassina.
Mas, comete alguns deslizes, como a desnecessária mudança do plano em que Ethan entra no apartamento da espanhola, quebrando o suspense criado até então. Faltou, também, mostrar na tela o ataque da aranha ao estudante de biologia, e explicar em que momento a outra empresa de exterminadores chegou ao local. No geral, tanto o roteiro como a direção funcionam bem, e Sting – Aranha Assassina consegue ser uma boa diversão que parece transcorrer rapidamente.
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Ficha técnica:
Sting – Aranha Assassina | Sting | 2024 | 92 min. | Austrália, EUA | Direção: Kiah Roache-Turner | Roteiro: Kiah Roache-Turner | Elenco: Alyla Browne, Ryan Corr, Penelope Mitchell, Noni Hazlehurst, Robyn Nevin, Silvia Colloca, Danny Kim.
Distribuição: Diamond Films.