Suspeita (filme)
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Suspeita

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O poderoso produtor David O. Selznick tenta repetir com Suspeita o sucesso obtido com Rebeca, A Mulher Inesquecível (1940). Por isso, coloca novamente Alfred Hitchcock e a estrela Joan Fontaine no mesmo filme. Apesar de não aparecer nos créditos, é nítida sua influência no resultado da produção que, apesar da boa bilheteria, decepciona.

Suspeita conta a estória do ponto de vista de Lina (Joan Fontaine), uma tímida garota de família rica que se encanta com o galanteador Johnnie (Cary Grant), após conhecê-lo em um trem. Sua baixa autoestima, porém, provoca-lhe a sensação de que ele está fingindo seu interesse por ela por causa de seu dinheiro. Afinal, ele sempre está sem um tostão e ela precisa pagar tudo.

E o casamento não atenua suas desconfianças, que se transformam em paranoia. Logo, ela tem a impressão de que Johnnie pode até cometer um assassinato para conseguir dinheiro. E, pior, envenená-la até a morte.

Diálogos em excesso

O excesso de diálogos e a música exagerada de Franz Waxman tornam o filme um tanto arrastado, e atrapalham a construção de um clima sombrio que justifique a suspeita de Lina. Mesmo assim, Suspeita possui alguns momentos interessantes.

O início traz aquele toque de insinuação sexual típico de Hitchcock, quando a tela está escura e ouvimos Johnnie dizer: “Desculpe, essa é a sua perna?”. Depois, descobrimos que se trata apenas de um homem buscando um lugar para sentar quando o trem entra num túnel. E o desenvolvimento da paixão de Lina por Johnnie se revela visualmente. Primeiro, quando ela encontra o rapaz em uma das páginas da revista que lê. Depois, quando ele descobre que ela guardou um recorte de jornal em que ele aparece.

Suspeita crescente

O filme emprega o recurso visual também para mostrar a crescente suspeita de Lina. Principalmente, na cena do jantar na casa da escritora de livros de mistério, quando todos conversam sobre como praticar um assassinato perfeito.

Aliás, Hitchcock compartilha com o espectador essa suspeita. Por exemplo, quando o amigo de Johnnie passa mal após tomar um copo de conhaque, a câmara enquadra um close de Johnnie olhando de lado, com ar sinistro. Além disso, há a famosa cena em que Johnnie sobe a escada com um copo de leite na mão. E esse copo está especialmente iluminado para se tornar o centro da atenção da sequência, para que se pense que há veneno nele.

Acima de tudo, o pecado maior de Suspeita é seu final otimista, que o estúdio impôs. Afinal, ele trai o espectador que foi conduzido a compartilhar a desconfiança de Lina durante todo o filme. Dessa forma, fica a sensação de que tudo o que foi visto na tela não valeu para nada. Aliás, a própria interpretação de Cary Grant levava a conclusão para outro lado.

Enfim, Joan Fontaine recebeu o Oscar de melhor atriz por esse filme. Graças a sua convincente transformação de uma tímida garota que não sabe se vestir para uma elegante burguesa, ainda assim guardando internamente sua insegurança.

Extras do dvd

Nos extras do dvd de Suspeita, na versão lançada pela Warner Brothers, há um capítulo chamado Antes do Fato: O Suspeito Hitchcock. Nele, a filha do diretor, Patricia Hitchcock, revela o final originalmente previsto para o filme.

Segundo ela, nessa conclusão alternativa, Lina, ao invés de rasgar a carta que escreveu para sua mãe, onde relatava suas suspeitas de que seu marido pretendia matá-la, colocaria a carta em um envelope e pediria para Johnnie postá-la. Este a envenenaria de fato e a cena final o mostraria tranquilamente postando a carta de Lina, sem saber que estava se incriminando. Mas o espectador saberia. Esse final, certamente, tornaria Suspeita um filme magistral.


Ficha técnica:

Suspeita (Suspicion, 1941) EUA, 109 min. Dir: Alfred Hitchcock. Elenco: Cary Grant, Joan Fontaine, Cedric Hardwicke, Nigel Bruce, May Whitty, Isabel Jeans, Heather Angel, Auriol Lee, Reginald Sheffield, Leo G. Carroll, Faith Brook.

Assista: entrevista de Joan Fontaine sobre Suspeita

Onde assistir:
Suspeita (filme)
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