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Sedução da Carne (poster do filme)'
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Sedução da Carne

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Quarto longa de Luchino Visconti, Sedução da Carne (Senso) marca a transição do diretor que inaugurou o neorrealismo italiano com Obsessão (Ossessioni, 1943). Em nova fase, Visconti adentra o cinema histórico que ele trabalharia como poucos.

Desta vez, ele usa o melodrama, sempre presente em sua filmografia, para construir uma feroz crítica à aristocracia decadente, na época do Ressurgimento Italiano. Baseado no livro de Camillo Boito, o enredo se situa em 1866, começando em Veneza. A cena de abertura se tornou antológica. Na casa de ópera La Fenice, atores cantantes italianos se apresentam para uma plateia mista. Parte dela, nas fileiras da frente, é composta pelos militares austríacos que ocupam a Itália. Nos balcões acima, estão os venezianos. E de lá começam a chover panfletos com as cores da Itália, marcando a presença da resistência que queria expulsar os austríacos.

Entre eles, está a protagonista, a condessa Livia Serpieri (Alida Valli). Ela chama o tenente austríaco Franz Mahler (Farley Granger) para evitar que ele duele com seu primo revolucionário. A narração em primeira pessoa de Livia denuncia sua atração pelo militar desde esse encontro fortuito. Embora casada, ela o procura para que se tornem amantes.

Burguesia decadente

A crítica à burguesia toma forma na decadência moral da condessa. Cega pela paixão, ela trai não só o marido, mas também a causa da reunificação da Itália. O espectador, cúmplice de Livia, percebe que Mahler é um pilantra quando ela vê que ele vendeu o pingente valioso que ela lhe deu, deixando apenas a mecha de cabelo sobre sua mesinha. Porém, ela parece não enxergar essa conclusão óbvia.

Mais tarde, ela cede aos apelos dele para conseguir dinheiro para subornar um médico e se livrar dos combates na guerra. Em cena genial, Visconti mostra Livia mergulhando em sua paixão doentia ao atravessar porta após porta dentro de sua mansão, cada vez indo mais para o fundo do quadro em cena. O momento reflete sua decisão de desviar o dinheiro que seu primo lhe confiara, e que era destinada a ajudar a libertação da Itália, para essa artimanha desprezível do seu amante.

Esse não é o único momento em que o plano transmite a ideia da decadência da condessa, e da aristocracia. Livia se torna uma delatora, para se vingar de Mahler. Neste momento, sua moral já está tão abalada que ela caminha a pé pelas ruas escuras ao lado de prostitutas e dos soldados austríacos bêbados. Ao mesmo tempo, a crítica à aristocracia também está na figura do marido de Livia. O conde não tem ideologia, que aceita ficar ao lado de quem vencer essa guerra, não importa quem seja.

Melodrama operístico

Visconti conta essa história de Sedução da Carne enfatizando o melodrama. O destino da protagonista ganha tons de tragédia. Dessa forma, se alinha com o operístico que marca o filme desde sua abertura, e se mantém presente nas atuações propositalmente exageradas nos gestuais de Alida Valli. A ópera, que já estava muito marcante na estreia do diretor em Obsessão, aqui se apresenta com força máxima, a maior dentro da sua filmografia.

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Ficha técnica:

Sedução da Carne | Senso | 1954 | 123 min | Itália | Direção: Luchino Visconti | Roteiro: Luchino Visconti, Suso Cecchi D’Amico | Elenco: Farley Granger, Alida Valli, Massimo Girotti, Heinz Moog, Rina Morelli, Christian Marquand, Sergio Fantoni.

Onde assistir:
Sedução da Carne (cena do filme)
Sedução da Carne (cena do filme)
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