Terminal Praia Grande apresenta sequências de alucinações e flashbacks que intrigam o espectador. Com esse intuito, o filme só revela o que está se passando com a protagonista Catarina na sua conclusão surpresa.
Nesse sentido, algumas dessas sequências procuram aterrorizar o público. De início, o prólogo traz a aparição de uma mulher ensanguentada surgindo na frente do carro dirigido por Catarina. Analogamente, num ônibus esquisito, pessoas que parecem zumbis atacam a personagem. Mas a maioria das cenas parecem relatar o flashback dos preparativos de uma festa de despedida dessa jovem mulher.
Por outro aspecto, a história acontece em São Luís, no Maranhão. E o ritmo do filme é lento e com poucos diálogos. Adicionalmente, Catarina fala somente com os entregadores que levam as coisas que ela comprou para sua festa, e com um rapaz com quem teve um relacionamento, e que não vê há um ano.
Por outro lado, a maioria das cenas é bem filmada, com exceção de algumas captadas à noite que ficaram escuras demais. O que se destaca são os enquadramentos, como nos segmentos em que a protagonista arruma a sala de sua casa.
Porém, para um filme com esse tema, o roteiro precisa ser minuciosamente planejado, para que numa revisita o espectador descubra sacadas inteligentes que só fazem sentido depois da revelação final. E, definitivamente, Terminal Praia Grande não apresenta esse roteiro bem amarrado. Há até um pouco de desprezo por esse detalhismo. Por exemplo, o amigo é quem abre o portão para os entregadores, gesto nada natural, em condições normais, e muito menos nessa estória.
Assim, a ideia interessante que motivou Terminal Praia Grande ganha uma boa direção mas um roteiro fraco e um ritmo lento demais.
Ficha técnica:
Terminal Praia Grande (2019) Brasil, 74 min. Dir/Rot: Mavi Simão. Elenco: Áurea Maranhão, Rafael Lozano, Tieta Macau, Jorge Choairy.
Assista aqui a entrevista com a diretora e roteirista Mavi Simão.