Os filmes catástrofe (em inglês, disaster movies) adotaram uma nova fórmula nos últimos anos. Nos anos 1970, quando despontou como grande atração para grandes bilheterias, o padrão era reunir um elenco estrelar para enfrentar um desastre. Assim, vimos isso em Aeroporto (Airport, 1970), O Destino de Poseidon (The Poseidon Adventure, 1972) e Terremoto (Earthquake, 1974), entre tantos outros. Com o tempo, os efeitos especiais e visuais ganharam maior importância, talvez atingindo o equilíbrio perfeito em Titanic (1997), de James Cameron. Então, como era esperado, o elenco caiu para segundo plano, e filmes recentes apostam em um grande nome popular e outros de menor alcance. É o caso de Terremoto: A Falha de San Andreas (San Andreas, 2015).
O astro indiscutível é Dwayne ‘The Rock’ Johnson, um dos nomes mais famosos do entretenimento contemporâneo. Há outros atores conhecidos ao seu lado, mas com popularidade inferior, principalmente quanto ao público internacional. Por exemplo, Carla Gugino e Alexandra Daddario. E, outros de fato pouco conhecidos. O maior investimento, claramente, está nos efeitos visuais e especiais, usados para destruir a Represa Hoover, e as cidades de Los Angeles e, principalmente, San Francisco. A indústria do cinema sabe que boa parte do público assiste aos filmes catástrofes para ver locais conhecidos destruídos, e Terremoto: A Falha de San Andreas traz isso em abundância. Mas, apesar do foco nesse quesito, nem tudo soa tão convincente na tela, e a computação gráfica parece evidente demais.
Nacionalismo americano
A trama privilegia o público norte-americano. A catástrofe é local, provocada pela falha de San Andreas, que atravessa o estado da Califórnia. Constitui o maior terremoto já medido na história. Dwayne Johnson vive Raymond, um piloto de helicóptero de resgate, que faz de tudo para salvar sua filha Blake (Alexandra Daddario) e sua ex-esposa Emma (Carla Gugino). Incomoda essa perspectiva individualista do herói do filme. Afinal, apesar de ser um profissional especialmente preparado para situações de crise, ele só foca em salvar a sua família.
Ecos do ataque de 11 de setembro de 2001 estão presentes no filme. Os prédios que desabam em Los Angeles provocam a correria que vimos nas ruas após o ataque terrorista. E a nuvem de poeira que levanta após a queda, quando Emma está no topo de um edifício, se inspiram no efeito da destruição do World Trade Center. Além disso, a mensagem nacionalista que fecha o filme também remete ao sentimento daquela época. Emma pergunta a Raymond: “E agora?”, olhando a ponte Golden Gate destruída, com a bandeira dos EUA em primeiro plano. Então, o herói do filme responde: “Agora vamos reconstruir!”, parafraseando o que disse o prefeito de Nova York, Rudy Giuliani, após os ataques.
Trama paralela
Na verdade, a trama paralela de Terremoto: A Falha de San Andreas é o que o filme traz de mais interessante. Mesmo sem se cruzar diretamente com a aventura de Raymond, essa linha narrativa, em tom mais sério, reflete a ação que salvou mais pessoas nessa tragédia. O ótimo ator Paul Giamatti interpreta o sismólogo Dr. Lawrence Hayes, que, após o primeiro abalo, antecipa o terremoto de proporção gigantesca. Então, com a ajuda da apresentadora de TV Serena Johnson (Archie Panjabi), ele consegue alertar a população de San Francisco, instruindo-a para se dirigirem às montanhas. O filme não explora totalmente o potencial dramático dessa situação, mas, ainda assim, é o que salva o longa de ser um mero desfile de efeitos especiais e computação gráfica.
Por fim, o diretor do filme é o canadense Brad Peyton. Dos cinco longa que dirigiu, três trazem Dwayne Johnson como protagonista. Além deste filme, Peyton fez com ‘The Rock”: Viagem 2: A Ilha Misteriosa (Journey 2: The Mysterious Island, 2012) e Rampage: Destruição Total (Rampage, 2018).
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Ficha técnica:
Terremoto: A Falha de San Andreas | San Andreas | 2015 | Estados Unidos | 114 min | Direção: Brad Peyton | Roteiro: Carlton Cuse | Elenco: Dwayne Johnson, Carla Gugino, Alexandra Daddario, Colton Haynes, Ioan Gruffud, Archie Panjabi, Paul Giamatti, Hugo Johnstone-Burt, Art Parkinson, Kylie Minogue, Todd Williams.
