O documentário The Go-Go’s cumpre a principal função de engatilhar uma indicação ao Hall of Fame para a banda. Por isso, sua conclusão traz um descarado apelo nesse sentido. Além disso, repete a mesma informação, reiterada ainda durante o filme, de que a banda foi a primeira formada exclusivamente por mulheres que chegou ao número 1 do ranking da Billboard.
Contudo, isso não impede que esse documentário seja um registro bem realizado, com muito material exclusivo e informações que podem até surpreender quem acompanhou o sucesso das alegres composições da banda nos anos 1980. Acima de tudo, o início da carreira, quando suas integrantes foram influenciadas pela cena punk de Los Angeles em 1979.
Com espírito rebelde, elas se declaram desajustadas quando se reuniram e tocaram pela primeira vez na casa noturna Masque. As fotos e vídeos da época mostram visual e atitude completamente diferentes daquele que todos se lembram.
A empresária Ginger Canzoneri
O filme ressalta que o grupo era formado não só por integrantes femininas, mas também empresariada por uma mulher, Ginger Canzoneri, o que também era raro. E Ginger foi responsável pela decisão que mudou o rumo da banda, ao tirar dinheiro do bolso para levá-las em uma turnê pela Inglaterra. A agressiva plateia britânica as recebeu com cuspes e agressões verbais, pois abriam o show de bandas que tocavam outro estilo musical, o ska. Mesmo assim, quando retornaram aos EUA, foram saudadas como se tivessem conquistado os ingleses. E, os seus shows no circuito da Sunset Strip lotaram.
Logo, conquistaram um contrato com uma gravadora e lançaram o primeiro LP, “Beauty and the Beat”, que as levou às paradas com o hit “We Got The Beat”. Em seguida, turnês desgastantes tentavam capitalizar o sucesso, o que prejudicou as composições do segundo disco, que ainda assim, obteve êxito por causa da canção “Vacation”.
Então, tomam uma decisão fatal. Demitem a empresária Ginger Canzoneri e os seus substitutos só se preocupavam em ganhar mais dinheiro. Em paralelo, os problemas com as drogas surgiram, principalmente com a guitarrista Charlotte Caffey. O terceiro LP, o mais fraco dos três que o The Go-Go’s lançou, demonstrava essa desestabilização da banda.
O fim
A participação no Rock In Rio, em 1985, marcou a estreia da nova baixista Paula Jean Brown. Ela substituiu Jane Wiedlin, primeira e única troca na formação desde o LP de estreia. O documentário revela que, no evento na cidade carioca, o consumo de drogas foi altíssimo, e Kathy Charlotte se encontrava num estado lamentável. Tanto que, logo depois, ela se internou numa clínica de reabilitação. Ao sair, decidiu sair da banda, o que desencadeou o fim do The Go-Go’s, numa separação não amigável.
Além de trazer depoimentos atuais das integrantes originais do The Go-Go’s, inclusive da empresária e da primeira baixista, o filme ainda registra uma reunião para gravação de uma nova composição. Isso evidencia que houve total colaboração das integrantes para a realização do documentário, o que facilitou o trabalho para a diretora Alison Ellwood, especialista no gênero. O resultado é um registro revelador, mas sem polêmicas.
___________________________________________
Ficha técnica:
The Go-Go’s (2020) EUA. 98 min. Direção e roteiro: Alison Ellwood. Com The Go-Go’s, Charlotte Caffey, Belinda Carlisle, Gina Schock, Kathy Valentine, Elissa Bello, Jane Wiedlin, Margot Olaverra, Pleasant Gehman, Sex Pistols, Kathleen Hanna, Paula Jean Brown, Stewart Copeland.
Ficou interessado? Então, aproveite para assistir ao filme no Festival In-Edit Brasil, que rola entre 16 e 27 de junho de 2021.