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Poster do filme "Todo Mundo Ama Jeanne"
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Todo Mundo Ama Jeanne

Avaliação:
3/10

3/10

Crítica | Ficha técnica

Para gostar do filme Todo Mundo Ama Jeanne, o espectador precisa estar dentro desse “todo mundo” que o título alega. Afinal, o longa de estreia da diretora Céline Devaux se apoia totalmente na figura da sua protagonista. Mas essa tal Jeanne, vivida por Blanche Gardin, atriz pouco conhecida que esteve em France: Sob os Holofotes (2021) e Yannick (2023), entre outros, não tem nada de especial. Isso não significa que o personagem principal no cinema não possa ser uma pessoa comum, mas o roteiro precisa criar características que a tornem interessante para a narrativa. E aqui elas estão indefinidas – o que descambará num desfecho nada convincente de um par romântico sem nenhuma afinidade entre si. E que, para piorar, são individualmente antipáticos: ela é a sem graça desorientada, e ele um chatão inoportuno.

O filme pretende ser moderno. Insere um boneco animado (feíssimo, por sinal) que representa a voz da consciência de Jeanne. Como o Grilo Falante do Pinocchio. A animação surge várias vezes, comentando, contrariando, tirando sarro dela mesmo ou de outros, ou mesmo reforçando o que já sabemos que se passa na cabeça de Jeanne. E essa é a única piada do filme, repetida insistentemente com pequenas variações. O que soou engraçado nas primeiras vezes, assim, se torna sufocante.

O título faz referência a uma boa fase da vida de Jeanne, quando ela lançou um projeto inovador de despoluição do mar. Por isso, ganhou notoriedade, dando entrevista na televisão e tal. No entanto, o projeto fracassa, e agora ela viraliza como piada na imprensa e na internet. Além da credibilidade, Jeanne também fica financeiramente falida. Então, sua única saída é sair de Paris e ir para Lisboa, para tentar vender o apartamento que herdou da mãe que se suicidou.

Sem força

Na verdade, o roteiro podia explorar essas dimensões emocionais da protagonista. Afinal, ela se culpa pela morte da mãe, vê a sua imagem pública ruir e perdeu todo seu dinheiro. Mas, a trama não se aprofunda em nenhuma dessas questões. Pelo contrário, as enfraquece com subterfúgios inadequados, como se não quisesse encarar o melodrama. Assim, a mãe surge em algumas aparições, e não parece estar descontente com a filha (ao contrário do que a voz da consciência insiste em mostrar). Além disso, ao se mudar para Lisboa, Jeanne fica imune de ser reconhecida nas ruas pelo seu projeto fracassado. E, por fim, seu irmão dá toda a ajuda financeira que ela precisa. Dessa forma, os problemas que deveriam mover a narrativa perdem sua força.

Em paralelo, Jean (Laurent Lafitte), um antigo colega de escola a encontra no aeroporto. Ela nem se lembrava dele, mas Jean a trata como se fossem muito próximos. Logo fica forçando para que eles se encontrem – o verdadeiro chato pegajoso. Ele ainda tem seu lado perverso, desde sua primeira aparição, pois pratica furtos em lojas e supermercados. Depois, no Oceanário de Lisboa, mente que Jeanne é deficiente visual para entrarem de graça. Enfim, chato e de má índole, não tem como o público gostar desse cara. E nem Jeanne teria – mas, o roteiro faz surgir um belo início de amor entre os dois.

Se fosse uma comédia de sarcasmo, até daria para engolir. Até porque Jeanne também não é nada coerente em seu ideal de defensora do meio ambiente. Se fosse, não quebraria toda a louça da mãe junto com o irmão e o sobrinho, ao invés de reunir as peças para doar para caridade.

O que há para amar?

A conclusão é dolorosa: Todo Mundo Ama Jeanne não tem nada de agradável. Seus personagens são antipáticos e antiéticos, o drama não se sustenta e a comédia só tem uma piada que se repete durante todo o filme. É mais divertido odiar o Chris do que amar a Jeanne.

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Ficha técnica:

Todo Mundo Ama Jeanne | Tout Le Monde Aime Jeanne | 2022 | 95 min | França, Portugal | Direção: Céline Devaux | Roteiro: Céline Devaux | Elenco: Blanche Gardin, Laurent Lafitte, Maxence Tual, Nuno Lopes, Marthe Keller.

Distribuição: Imovision.

Trailer:

Onde assistir:
Mulher de camiseta preta e homem de camiseta roxa sentados lado a lado.
Cena de "Todo Mundo Ama Jeanne"
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