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Trumbo - Lista Negra (filme)
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Trumbo – Lista Negra

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

A força do filme Trumbo – Lista Negra reside no seu objeto, o retrato da perseguição sofrida pelo roteirista Dalton Trumbo nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Tal ostracismo o deixou sem trabalho com o boicote da indústria de Hollywood, e até o levou à prisão. Tudo isso porque ele era comunista.

A história começa em 1947 com a carreira de Trumbo no auge. Ele assina um contrato milionário de exclusividade com os estúdios da MGM. Porém, o ambiente de paranoia da Guerra Fria entre EUA e URSS contamina a sociedade americana. Então, surge o Comitê de Atividades Antiamericanas, que coloca Trumbo na Lista Negra de 10 nomes de Hollywood. Diante disso, a MGM quebra o contrato unilateralmente, e Trumbo, para sobreviver, começa a escrever roteiros sob pseudônimos.

Hedda Hopper, ex-atriz e influente colunista sobre celebridades, é uma ativista de direita empenhada em derrubar Trumbo e seus amigos comunistas. No entanto, o talento do roteirista fala mais alto. Por isso, ele ganha o Oscar pelo roteiro do filme Arenas Sangrentas (1956), que assinou com o nome de Robert Rich, e mais filmes lhe chegam às mãos. Logo, Otto Preminger e Kirk Douglas disputam seu talento para os seus filmes, Spartacus (Spartacus, 1960) e Exodus (Exodus, 1960), respectivamente. Assim, e Trumbo aproveita a chance para que eles sejam os primeiros títulos a finalmente exibirem seu nome nos créditos.

O filme dirigido por Jay Roach

Como filme, Trumbo – Lista Negra é mediano. Na verdade, a direção de Jay Roach se destaca somente em duas sequências. Na inicial, quando a câmera passeia pelos cartazes das famosas produções cinematográficas baseadas nos roteiros de Dalton Trumbo. Dessa forma,  evidencia visualmente que ele é um escritor de muito talento, como Alfred Hitchcock fez em Janela Indiscreta (1954). A sequência traz o som de jazz da época, com a bateria ritmada com o datilografar de Trumbo.

Além desta, a outra bela cena mostra Trumbo emocionado na sessão de estreia de Spartacus. É o momento em que ele, finalmente, vê seu nome creditado na tela depois de tantos anos de ostracismo. Com belo efeito visual, os vidros de seu óculos refletem o seu nome.

Fora isso, o filme merece ser visto pela relevância histórica dos fatos nele narrados. Assim, mostra que Trumbo era comunista ativo, mas, sua crença ideológica não podia ser considerada um crime, e a Primeira Emenda da Constituição americana defendia essa liberdade. A perseguição aos artistas comunistas foi desumana, fruto da histeria que tomou conta do povo americana, e arruinou suas vidas, tanto econômica como socialmente. Aliás, Hollywood teria sofrido uma carência de talento, se não fosse a alternativa que Trumbo e outros encontraram, de trabalhar sob pseudônimos.

Lista negra revisitada

Agora, tantos anos depois, a história faz justiça, denegrindo as atitudes de nomes consagrados. Por exemplo, de John Wayne (ativista radical de direita e anticomunista), Edward G. Robinson (que delatou seus colegas comunistas) e Louis B. Mayer (que cedeu às pressões da indústria e demitiu seus empregados com essa crença política). Mas, principalmente, de Hedda Hopper, que é demonizada como a maior perseguidora dos artistas de esquerda.

Por fim, a redenção de Trumbo acontece no momento em que John F. Kennedy assiste a uma sessão de Spartacus. Mesmo com os apelos de boicote geral vindos do Comitê de Atividades Antiamericanas, o presidente ainda elogia o filme. Então, Hopper e os apoiadores do boicote se sentem forçados a abandonar o discurso segregacionista.

Elenco

Por outro lado, o elenco é um grande trunfo do filme. Bryan Cranston, no papel de Trumbo, prova seu talento tardio, depois de ficar famoso como o Walter White das cinco temporadas (2008-2013) da série Breaking Bad. Aliás, o ator não precisou se diferenciar muito de White para mostrar a sofrida agonia e, ao mesmo tempo, a confiança, que Trumbo demonstra diante da perseguição que sofreu.

Ademais, a veterana Helen Mirren constrói uma abominável Hedda Hopper. A colunista age como uma abutre, atacando os comunistas para atrair mais leitores para sua coluna de fofocas, uma vilã que os espectadores são conduzidos a odiar.

Enfim, mesmo sem ser um filme brilhante, Trumbo – Lista Negra prende a atenção por tratar de um tema tão absurdo. E que ecoa ainda hoje, opondo radicalmente capitalistas e comunistas.


Trumbo - Lista Negra (filme)
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