Tudo Por Ela (filme)
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Tudo Por Ela

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

Não espere encontrar em Tudo por Ela um delicado romance lésbico. No centro da sua trama está um crime violento e o relacionamento entre as protagonistas é autodestrutivo e extremo. Além disso, o diretor Ryuichi Hiroki enfatiza a instabilidade das personagens através do uso da câmera trêmula e dos closes muito próximos. Dessa forma, ele propositalmente incomoda o espectador.

O veterano cineasta parece se sentir libertado pelos tempos atuais de censura amena, inserindo aqui cenas de sexo quase gráfico, algo impensável quando começou a carreira em 1982. Na época, produzia em massa filmes da pinku eiga, produções que exploravam a violência e a nudez (nunca frontal).

Exploitation modernizado

Os primeiros trinta minutos de Tudo por Ela se inserem nesse gênero exploitation modernizado, com muito sexo, nudez e violência com muito sangue jorrando. É assim que vemos a protagonista Rei cumprir sua promessa de matar o marido de Nanae, sua paixão platônica do tempo de escola. Narrado fora de ordem cronológica, a segunda sequência retrata o dia anterior ao crime.

Nesse dia, Nanae reencontra Rey para confidenciar que ela sofre violência doméstica, e pede para a antiga amiga que assassine o agressor. Após o crime, as duas saem alegres pela estrada num carro conversível, como em Thelma & Louise, filme de 1991 dirigido por Ridley Scott.

Porém, o crime não engatará o romance entre as duas amigas. Apesar de cultivar uma paixão obsessiva, Rei nunca conseguiu a correspondência de Nanae, que é hetero. O crime, pelo contrário, atua como obstáculo para o relacionamento. Afinal, as duas possuem uma latente compulsão autodestrutiva. E isso se manifesta na prática, porque Rei deliberadamente deixa suas impressões digitais e sua imagem na câmera de segurança durante o crime. E Nanae repetidamente expressa sua vontade de se matar.

Assim, a estória não permite deduções simples para o espectador. Diante dessas atitudes de auto-sacrifício, a morte do marido não levaria a nenhuma consequência favorável para as duas amigas. Afinal, se Nanae pensava em se matar, ela assim acabaria com o martírio de sofrer suas agressões. E se Rei deliberadamente se incrimina, ela se sujeita a ser presa e, com isso, nunca satisfazer seu desejo de possuir sua antiga amada.

Romance

Em paralelo, Tudo por Ela introduz vários trechos de flashback que revelam o desenvolvimento da paixão de Rei por Nanae. Nos tempos de colégio, a rica Rei até empresta o dinheiro para Nanae concluir seus estudos. Como condição, ela exige que, se o empréstimo não for devolvido em cinco anos, Nanae deverá fazer sexo com Rei. Mas, para tristeza de Rei, a dívida é paga pontualmente.

Então, os únicos momentos românticos no filme se encontram na parte final, culminando numa ousada cena de sexo. Ainda assim, nunca há paz de espírito para as duas, devido ao comportamento instável delas. De fato, mesmo na cama, elas temperam o sexo com o risco de tomarem medidas extremas.

Enfim, em meio aos altos e baixos extremos dessa jornada, a única personagem sensata em Tudo por Ela é a ex-namorada de Rei. Abandonada pela sua companheira, ela diz as falas mais tocantes do filme, revelando o quanto sofreu por ser lésbica numa sociedade ainda conservadora. Da mesma forma, Rei também sofreu por seu amor não correspondido. Então, sua decisão derradeira só se justifica por sua propensão ao sacrifício, limando qualquer esperança de uma vida feliz ao lado de sua amada. Apesar disso, elas trocam juras de amor, que talvez se cumpram somente na velhice.

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Ficha técnica:

Tudo Por Ela (Ride or Die) 2021. Japão. 142 min. Direção: Ryuichi Hiroki. Roteiro: Nami Kikkawa. Elenco: Kiko Mizuhara, Honami Sato,
Shinya Niiro, Shunsuke Tanaka, Setsuko Karasuma, Sara Minami, Yui Uemura / Anne Suzuki, Tetsuji Tanaka / Yoko Maki, Yu Inaba, PANTA, Mao, Kazuhiro Nakahara, Yoshinari Furuya, Takuya Matsunaga, Masato Hyugaji, Roncha Takeguchi, Izumi Matsuoka, Kinuo Yamada, Aoba Kawai.

Distribuição: Netflix.

Trailer:
Onde assistir:
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