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Trágica Obsessão (filme)
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Trágica Obsessão

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Acusado de ser um mero imitador de Alfred Hitchcock, Brian De Palma resolveu prestar uma homenagem ao diretor inglês, após assistir a “Um Corpo que Cai” (Vertigo, 1958). Então, juntou-se ao roteirista Paul Schrader, autor de “Taxi Driver”, lançado no mesmo ano, e escreveram “Trágica Obsessão”.

Aliás, o tema central se assemelha ao da obra homenageada. Em uma viagem de negócios em Florença, Michael Courtland (Cliff Robertson) conhece Sandra (Geneviève Bujold), uma mulher muito semelhante à esposa que perdera durante um sequestro quinze anos antes. Fascinado, acaba-se apaixonando e retornam para Nova Orleans com casamento marcado. Mas um novo sequestro acaba revelando que Michael não conhece a verdade por trás desses acontecimentos.

Menos hitchcockiano

Por ironia, apesar de De Palma abertamente se inspirar em Hitchcock em “Trágica Obsessão”, outros filmes de sua carreira apresentam o estilo do mestre do suspense com mais evidência. Por exemplo, o anterior “Irmãs Diabólicas” (Sisters, 1973) ou o mais recente “Paixão” (Passion, 2012). O começo, sim, é típico. Primeiro, os créditos com trilha sonora assustadora, de Bernard Herrmann (que trabalhou em muitos filmes de Hitchcock), e imagem recorrente da igreja onde Michael encontrará Sandra. Depois, um travelling da câmera da rua até a casa onde o casal Michael e Elizabeth comemoram dez anos de casados. Lá dentro, um enquadramento estratégico mostra que um dos garçons está armado, criando então um suspense para o espectador, enquanto os demais personagens festejam. Hitchcock puro!

Mas, a homenagem mais clara é a cena em que dois homens brigam sobre uma mesa de escritório e um deles tenta alcançar uma tesoura para usar como arma. Ou seja, tal qual foi visto em “Disque M para Matar” (Dial M for Murder, 1954).

De Palma contido

No restante do filme, De Palma parece um pouco contido. Não encontramos em “Trágica Obsessão” travellings nem planos sequências muito longos. Até a split image, a tela dividida, sua marca registrada, está ausente. Na verdade, nos momentos em que ousa mais, erra. Na última cena, De Palma consegue criar muito suspense na câmera lenta quando os dois personagens se aproximam e não sabemos se acontecerá um assassinato ou uma reconciliação. Porém, quando a câmera começa a girar ao redor deles, De Palma demora demais para cortar a cena e esse exagero acaba diluindo a sua alta carga emotiva.

Aliás, outra decisão arriscada que não funciona bem é o uso da mesma atriz para interpretar mãe e filha no sequestro em flashback. É certo que o rosto de Geneviève Bujold possui características infantis, ainda mais com a câmera filmando de cima para baixo, mas o espectador já viu a menina antes, e nesta mesma cena. Como este não é um filme de realismo fantástico, o recurso soa bizarro.

Fantasmagórico

Adicionalmente, “Trágica Obsessão” possui um clima fantasmagórico. A fotografia, de Vilmos Zsigmond, durante todo o filme é esbranquiçada com o uso de um difusor, em alguns momentos mais acentuadamente, em outros menos. No sonho de Michael, por exemplo, a imagem tem forte nebulosidade. A música de Bernard Herrmann enfatiza esse tom, apesar de parecer carregada demais, sem momentos de um necessário relaxamento. Na sequência dos créditos iniciais, a música até está fora de sincronia.

Contrariando as expectativas, da trama inclusive, o vilão veste sempre roupas claras. Porém, isso não basta para disfarçar quem é o bandido da história. O maior problema do filme, justamente, é o plano rocambolesco, já que se poderia usar um golpe mais eficiente do que esperar quinze anos e contar com chances duvidosas de êxito. Em suma, o conjunto da obra de Brian De Palma se revela uma homenagem mais digna para seu admirado Alfred Hitchcock.


Trágica Obsessão (filme)
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