O documentário Twist, de Ron Mann, resgata essa dança que se tornou uma coqueluche na virada dos anos 1950 para os anos 1960. Realizado com um ritmo ágil e liberdade formal, o filme se adequa ao espírito jovial e rebelde que caracterizou o twist.
Quando surgiu, causou polêmica. Entrou na mesma leva de censura conservadora que atacou o rock and roll, o gênero musical que embala essa dança. Os requebros dos quadris pareciam ousados demais para a sociedade quadrada da época. Mas, não havia como deter a avalanche juvenil que dominaria a década de 1960.
Desde sua abertura, o documentário assume a forma irreverente de um manual de como dançar o twist. Assim, vinhetas apresentam cada uma das lições, tendo um dançarino ou um artista, sozinhos ou em pares, dançando ao lado da cartela. Esses são os personagens que o filme traz para entrevistar. Entre os músicos, estão aqueles que lançaram hits instantâneos aproveitando essa onda – como Hank Ballard, que lançou uma música chamada “The Twist” – e que logo desapareceriam quando ela passasse. Além disso, estão alguns dançarinos que apareciam nos programas de TV, como o American Bandstand, onde conseguiam seus cinco minutos de fama.
Moda arrasadora e passageira
O filme revela que, quando a moda pegou de vez, as celebridades também abraçaram o twist. Com isso, a população adulta e até mais conservadora baixou a guarda e parou de criticar a novidade. Um dos entrevistados cita que até o ultraconservador ator John Wayne foi a uma das casas noturnas mais famosas da época para conferir o twist. “Ele só não dançou, afinal, se o Duke fizesse isso, eu não seria mais seu fã.”, brinca ele.
Porém, como toda moda que vem dessa forma tão arrasadora, ela foi passageira. Os produtores musicais quiseram aproveitar o máximo essa onda, e erraram ao lançar mais e mais variações de danças. Assim, surgiram os passos do mosquito, do elefante, do macaco (olha a polêmica que seria hoje: músicos negros se apresentando imitando macacos!), e até da molécula. Então, como uma das próprias dançarinas entrevistadas afirma, a coisa acabou ficando cada vez mais ridículas. As pessoas perceberam e, assim, recusaram o lance de todo mundo dançar igual. O estilo livre, de cada um dançar como quiser, foi o fim do twist.
Além de informativo, o documentário Twist é muito divertido. O diretor Ron Mann consegue o mérito de refletir o espírito do tema no formato e, consequentemente, no tom do filme. Vale até ensaiar alguns passinhos enquanto o assistimos.
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Ficha técnica:
Twist | 1992 | Canadá | 74 min | Direção e roteiro: Ron Mann | Com Cholly Atkins, Hank Ballard, Betty Begg, Chubby Checker, Joey Dee, Joe Fusco, Gladys Horton, Janet Huffsmith, Joan Kiene, Mama Lu Parks, Floss Mancini, Jimmy Peatross, Carole Spada, Dee Dee Sharp.
O filme está na programação do festival In-Edit Brasil 2023.