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Um Ato de Esperança (filme)
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Um Ato de Esperança

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Um Ato de Esperança mergulha na questão mais crítica de um magistrado: conviver com suas decisões.

O romancista Ian McEwan roteirizou seu próprio livro para levar para as telas seu olhar sobre o comportamento humano, assunto de outro filme baseado em uma publicação sua, Desejo e Reparação (2007). Desta vez, o recorte recai sobre Fiona Maye, uma respeitada juíza da vara de família em Londres, interpretada por Emma Thompson, atriz que passa por uma brilhante fase na sua maturidade aos 60 anos.

Julgando casos que afetam a vida das pessoas envolvidas nos processos, Fiona não abre espaço para mais nada, deixando de fora seu marido Jack, com quem não tem filhos. Desolado, Jack declara que terá um caso extraconjugal, porque não existe mais sexo nem afeto entre o casal. Fiona sente o baque, mas, mesmo assim, não consegue mudar. A juíza continua a se concentrar em seu trabalho. Um dos próximos casos é o de Adam Henry, de 17 anos, que se recusa a aceitar um tratamento com transfusão de sangue para sua leucemia porque sua religião – ele é testemunha de Jeová – não o permite.

E o hospital entra com o processo contra os pais, porque, sem o tratamento, Adam morrerá. Antes de dar sua decisão final, Fiona se dirige até o hospital para conhecer o rapaz. Seu veredito final é por permitir a transfusão. A cena seguinte à decisão mostra, com a câmera em plongée, Adam olhando para o teto, como se esperando que o seu deus o julgue.

Musa salvadora

Fiona se torna a musa salvadora para Adam, que passa a se corresponder com ela, a princípio com belas cartas remetendo ao poeta Yeats. Em uma viagem a trabalho para Newcastle, vemos Fiona em um raro momento lírico, lendo a carta de Adam no trem, ao som de piano, instrumento que ela toca com talento. Porém, Adam passa a insistir demais em se manter em contato com Fiona, que o vê quase como um stalker, e decide não o vê-lo mais. A leucemia volta a atacar Adam e, agora, tendo completado 18 anos, tem autonomia para exigir que o hospital não faça a transfusão de sangue. Fiona visita-o em estado terminal.

O episódio com Adam serve para Fiona compreender que, mesmo atuando como juíza, diariamente encarregada de proferir decisões que afetam os envolvidos, seu poder tem limites. Forçar a transfusão para salvar a vida do jovem não foi suficiente. Fiona, compreende que ela é uma pessoa como as outras, e essa mudança é marcada pelo choro copioso que a liberta. A bela cena final a mostra com seu marido caminhando juntos no cemitério, com a câmera subindo para o céu, como se os dois fossem abençoados por Adam.

Sutil, mas tocante

Um Ato de Esperança possui uma estória sutil, mas tocante, direcionada a revelar a busca pelo reconhecimento do real papel na vida da sua personagem principal. O experiente diretor Richard Eyre consegue transmitir essa transformação sem deixar transparecer essa intenção. No entanto, sua direção tem umas escorregadas. Por exemplo, quando coloca a câmera acompanhando os pais de um dos casos em julgamento. Ela sai de dentro do táxi onde estão, e os acompanha até o prédio do tribunal. Dessa forma, acaba desviando a atenção do espectador, colocando o ponto de vista desses personagens que são figurantes. Por outro lado, Richard Eyre compensa isso com belos momentos, como a primeira visita a Adam e o dilema interno que cresce em Fiona enquanto ela participa ao piano de uma apresentação musical.

Enfim, é um filme que nos leva a refletir sobre nosso papel no mundo. Especialmente recomendado para aqueles cuja profissão exige tomar decisões importantes, e que sentem demais esse peso em suas costas.


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