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Um Banho de Vida (filme)
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Um Banho de Vida

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

A estória de Um Banho de Vida facilmente poderia levar o filme às características de uma sessão da tarde televisiva. Em outras palavras, daqueles que relatam como um grupo se reúne para se preparar para competir em um concurso na parte final. As variações em relação ao ambiente, às vezes esportivo, às vezes artístico, não costumam resultar em diferenciais de fato. Porém, nesse filme francês dirigido por Gilles Lellouche, a novidade não se restringe somente na modalidade do nado sincronizado masculino. Mas, na abordagem tendendo para o drama pesado dos seus protagonistas, em sua primeira parte.

Os sete integrantes da equipe são perdedores na vida pessoal, profissional, social ou familiar, e o hobby do nado sincronizado funciona como uma válvula de escape para suas frustrações. O personagem de Mathieu Amalric, por exemplo, sofre depressão por se encontrar desempregado há dois anos. Até mesmo as duas treinadoras, que se sucedem nessa função, possuem seus problemas. Delphine (Virginie Efira) é alcoólatra e Amanda (Leila Bekhti) uma paraplégica dominadora e agressiva. Estranhamente, o personagem negro fica de fora do holofote que todos dividem para conhecermos um pouco do drama cada um. Sua estória provavelmente envolveria suas dificuldades por ser um imigrante na França.

Associações rápidas

Na abertura do filme, um narrador, que depois descobriremos ser Mathieu Amalric, faz associações rápidas de ideias auxiliado por imagens que se sucedem na tela, num formato que se tornou célebre no curta metragem Ilha das Flores, de Jorge Furtado. Essa introdução resume numa frase o paradigma que o filme quebrará: um objeto quadrado não cabe num orifício redondo. Afinal, como esses senhores de meia e terceira idade poderão formar uma boa equipe de nado sincronizado, esporte tradicionalmente masculino?

Na primeira metade do filme, mergulhamos na melancolia desses personagens, aproximando-o do gênero dramalhão pesado. Uma colagem de planos com a câmera colocada em um dolly se aproximando desses perdedores marca o final dessa parte. Depois, as coisas começam a ficar mais leves, até cômicas em algumas cenas, quando eles resolvem se inscrever num campeonato mundial de nado sincronizado.

Saindo do comum

Acima de tudo, o diretor Gilles Lellouche se preocupa em criar cenas que saiam do comum. Além da introdução que comentamos, merece destaque a cena em que a equipe discute à beira da piscina qual música usar no número que apresentarão. Há várias sugestões, mas, ao terminarem, Lellouche reutiliza o recurso do fechamento da íris da câmera, muito empregado no cinema mudo. Dessa forma, destaca o membro do time que é músico profissional, e que foi totalmente esquecido nessa escolha do tema musical. Além disso, o diretor também filma uma sequência muito divertida, talvez a mais engraçada do filme. Nela, parodia os filmes sobre grandes roubos, quando o grupo resolve roubar de um supermercado as sungas e os roupões que usarão no torneio.

Assim, mesclando drama e comédia, Um Banho de Vida consegue escapar do lugar comum dos filmes sobre competições. Como resultado, emociona e diverte.


 
 
Ficha técnica:

Um Banho de Vida (Le Grand Bain, 2018) Bélgica/França. 122 min. Dir: Gilles Lellouche. Elenco: Mathieu Amalric, Guillaume Canet, Benoît Poelvoorde, Jean-Hugues Anglade, Virginie Efira, Leïla Bekhti, Marina Foïs, Philippe Katerine, Félix Moati, Alban Ivanov, Balasingham Thamilchelvan.

Pagu Pictures

Trailer:
Onde assistir:
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