Pesquisar
Close this search box.
Um Lugar Silencioso (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Um Lugar Silencioso

Avaliação:
10/10

10/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

“Um Lugar Silencioso” surpreende como experiência cinematográfica. Remete aos primórdios da sétima arte, quando ainda só existiam filmes mudos. Ou seja, quando era necessário contar com os recursos visuais para comunicar sem uso de diálogos.

Monstros, provavelmente alienígenas, que aniquilam pessoas e animais, guiados pelo som, dizimaram quase todos na Terra. Ou, pelo menos, na parte dela onde se encontram os sobreviventes da família Abbott. Esta é composta pelos pais Evelyn (Emily Blunt) e Lee (John Krasinski), e seus filhos Regan (Millicent Simmonds), Marcus (Noah Jupe) e Beau (Cade Woodward).

Para que os monstros não encontrem os Abbotts, eles precisam manter completo silêncio. A tarefa é um pouco mais fácil para a adolescente Regan, que é surda e muda. Mas, um deslize seu provoca a morte do caçula Beau, evento que traumatiza toda a família. Porém, os dias se passam e conseguem sobreviver. Até que Evelyn engravida, e isso trará grande perigo para conseguir que o parto seja silencioso e que o bebê não chore. Essa gravidez é uma variação bem engenhosa do tickling clock, a contagem regressiva, ingrediente das fórmulas dos gêneros suspense e ação.

John Krasinski e Emily Blunt

O filme foi dirigido pelo também protagonista John Krasinski, que é marido de Emily Blunt na vida real. Este é o seu terceiro longa-metragem. mas o primeiro que não é do gênero comédia.

Krasinski demonstra talento para a função, e, como todo bom cineasta, faz bom uso da linguagem visual do cinema para contar a estória, que realmente pede por isso. Por exemplo, quando pai e filha discutem, cada um toma uma trilha em direções diferentes, enquanto a mãe permanece parada no meio, enfatizando a posição dividida de cada um desses protagonistas. Outro momento visualmente belo do visual usado na narrativa é aquele em que Regan e Marcus, de cima de um silo, avistam a floresta ao redor. Logo, não vemos mais os clarões de fogueiras de outros grupos de sobreviventes, pois não conseguiram resistir.

Os efeitos sonoros criam a atmosfera angustiante do filme, que absorve o público que compartilha o sofrimento dos personagens. Por isso,  quando pai e filho conversam em tom normal, protegidos pelo som da cachoeira, é um grande alivio também para o púbico. Em outra sequência, o diretor revela que Regan é surda e muda sem precisar de uma narração ou diálogo, fazendo um uso inteligente do som. Quando a câmera fecha na personagem, não há nenhum som ou está abafado ou estridente, devido aos aparelhos de audição que o pai tenta criar.

Soluções coerentes

As soluções que o filme inventa para os problemas que os personagens enfrentam são coerentes, sem exigir que sejam gênios para chegarem a essas saídas. Usar o som dos fogos de artifício para distrair os monstros, por exemplo, é uma ideia que o público em geral também pode ter. Da mesma forma, o filme evita um final exageradamente bombástico, no estilo “Poltergeist: O Fenômeno” (1982), de Tobe Hooper. Se há exagero, ele está no sorriso superconfiante de Emily Blunt, que é suficiente para concluir a estória, sem deixar dúvida sobre o que acontecerá, mesmo com o emprego da elipse.

“Um Lugar Silencioso” se transforma em uma experiência diferenciada quando assistido no cinema. O filme funciona tão bem que instiga o público a se manter quieto, como os personagens na tela. Os espectadores deixam de lado a pipoca que compraram para não fazerem barulho ao mastigar, porque o tema do filme torna a todos na sala mais sensíveis a qualquer ruído. Por isso, não funcionará tão bem como home movie, salvo se for possível assistir sozinho, sem ninguém em casa, ou mesmo na vizinhança, fazendo barulho.

É um pecado que o design dos monstros repita o clichê de copiar as características das criaturas de “Alien: o 8º Passageiro” (1979) e suas sequências. Em outras palavras, com boca com dentes longos e afiados que parecem de aço e cabeça que se assemelham aos casulos do filme de Ridley Scott, quando se abrem como fatias de um figo. Isso, porém, não atrapalha a fruição deste envolvente filme. Uma experiência sensorial inesquecível que deve ser vista exclusivamente no cinema.


Um Lugar Silencioso (filme)
Um Lugar Silencioso (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo