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Um Pouco Mais (More)
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Um Pouco Mais

Avaliação:
6.5/10

6.5/10

Crítica | Ficha técnica

O filme Um Pouco Mais (More) é lembrado por dois fatos importantes. Primeiro, por marcar a estreia do diretor iraniano Barbet Schroeder no cinema. Segundo, porque a trilha musical é de autoria da banda Pink Floyd, que até lançou essas músicas no terceiro álbum de sua discografia, com o título “More”. Schroeder repetiria a parceria com os músicos em seu filme seguinte, O Vale dos Perdidos (La Vallée, 1972).

Mas a música do Pink Floyd entra no filme como uma trilha musical de fato, sem ocupar lugar central, e nem mesmo desviar a atenção da sua trama. Às vezes, seu uso é diegético, ou seja, os personagens estão ouvindo e curtindo essa música. Em outros momentos, os longos trechos instrumentais se encaixam perfeitamente com as viagens que os personagens embarcam se drogando. Na verdade, a trilha faz parte natural do retrato da contracultura do final dos anos 1960 que Um Pouco Mais leva para as telas. É a swinging London que se espalha por outros territórios, como Paris e Ibiza, os dois destinos do alemão Stefan (Klaus Grünberg) após sair da capital da Inglaterra.

Stefan não tem uma ocupação e nem os outros jovens do filme, como a outra protagonista, a americana Estelle (Mimsy Farmer), por quem ele se apaixona à primeira vista. O sexo livre marca a época, e no segundo encontro, Estelle já se despe e troca de roupa na frente de Stefan, e logo estão na cama. A liberdade também está na ausência de amarras. Por exemplo, Estelle parte para Ibiza no dia seguinte, e na outra semana Stefan viaja atrás dela. Esse modo de vida despojado não vingou e hoje a sociedade em geral é bem mais conservadora, repleta de tabus e repressões. Nesse sentido, o filme acaba explicando um dos motivos desse retrocesso.

Osbcurecidos pelas nuvens

Afinal, no seu próprio enredo os problemas aparecem. Em Ibiza, Estelle vive sob os grilhões do misterioso Dr. Ernesto Wolf (Heinz Engelmann). E os motivos dessa submissão surgem gradativamente ao longo da história. Mas, por isso, ela e Stefan se refugiam numa casa isolada do outro lado da ilha. Lá, vivem um paraíso idílico, com um senão que acabará em tragédia: as drogas. Novato em heroína, o rapaz acredita que pode tomar uma ou outra dose esporadicamente, sem correr o risco de ficar viciado. Embora Estelle, que já foi dependente, o alerte, ele começa a se drogar, e o desfecho triste é inevitável.  

A direção

Barbert Schroeder aplica a liberdade da época ao desconstruir os padrões do enquadramento clássico. Assim, quando filma em close, ele deliberadamente deixa a parte de cima da cabeça dos atores fora do quadro. Seria considerado um desleixo segundo os cânones do cinema narrativo tradicional, mas aqui até ganham uma (improvável, mas mesmo assim válida) conotação metafórica de que esses jovens se comportavam como loucos (sem usar a cabeça). O estilo despojado da direção também se reflete nos zooms pouco suaves que aproximam planos gerais de longa distância até os planos fechados nos atores.

Mas, algumas imagens são sem dúvida marcantes. Por exemplo, quando o casal entra num estado de confusão, após Estelle voltar a se drogar quando da visita de uma amiga, com quem os dois transam, completam a narração as tomadas do mar revolto que castiga as rochas da ilha. Além disso, é emblemático uso do túnel escuro pelo qual entra Stefan já sucumbindo ao vício.

Enfim, Um Pouco Mais vale como um retrato de uma geração com belos ideais, mas que se perdeu nas drogas. Um filme que marcou o início da carreira de um diretor que construiria uma carreira de sucesso nos EUA, com filmes como O Reverso da Fortuna (Reversal of Fortune, 1990) e Mulher Solteira Procura (Single White Female, 1992). E que voltaria à locação em Ibiza em seu último (até agora) filme, Amnésia (Amnesia, 2015). Explica-se: a casa branca, perto de Sant Antoni de Portmany, pertence à sua mãe.

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Ficha técnica:

Um Pouco Mais | More | 1969 | França, Espanha | Direção: Barbet Schroeder | Roteiro: Paul Gégauff, Barbet Schroeder | Elenco: Mimsy Farmer, Klaus Grünberg, Heinz Engelmann, Michel Chanderli, Henry Wolf, Louise Wink.

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