O primeiro filme, Venom (2018), de Ruben Fleischer, fez bom proveito do conceito do monstro simbionte, levando o tom para próximo do terror. A sequência, Venom: Tempo de Carnificina, de Andy Serkis, não explora tanto esse lado. Prefere apostar no desenvolvimento da relação entre o humano Eddie Brock (Tom Hardy) e o ser alienígena que coabita o seu corpo. Por isso, o roteiro traz muita falação entre os dois. Geralmente em tom cômico, que fica cansativo a partir de certo ponto, por bater sempre na mesma tecla. Mas também, como novidade, na persistente discussão que, desta vez, leva a um inesperado rompimento.
Por outro lado, como todo filme de super-herói (ou anti-herói) precisa de um vilão, a trama coloca no caminho de Venom o serial killer Cletus Kasady (Woody Harrelson, muito assustador) e sua namorada Frances Berrison (Naomie Harris). Ela possui o superpoder de um grito descomunalmente potente, que ela usa para ajudar seu amado a escapar do corredor da morte. O casal parte, então, para uma dupla vingança. Cletus contra Eddie Brock, jornalista que publicou uma matéria negativa sobre ele; e Frances contra o Detetive Mulligan (Stephen Graham), responsável por acertar um tiro em seu olho quando era jovem.
Venon vs. Carnificina
O complicador para Eddie, que conta com os poderes do Venom quando ameaçado, é que Cletus foi infectado por outro ser simbionte, o Carnificina. Como no filme anterior, as cenas de ação são mal montadas. É difícil entender o que acontece nelas. E o excesso de computação gráfica estraga a emoção que deveria surgir nesses trechos. Esse aspecto pode até ser previsível, visto que o diretor Andy Serkis (dirigindo aqui seu quarto longa) é um ator especialista em interpretar personagens em CGI.
Por algum motivo não bem explicado, o Carnificina é mais forte que Venom, e este (junto com Eddie) apanha no confronto decisivo. O roteiro de Venom: Tempo de Carnificina resolve esse impasse com inteligência. O mau caráter Cletus não é um hospedeiro adequado, e não há simbiose entre eles, o que os enfraquece. Dessa forma, demonstra que, apesar dos desentendimentos, a dupla Eddie Brock e Venom possui essa força que representa o valor universal da capacidade de os seres viverem em harmonia.
___________________________________________
Ficha técnica:
Venom: Tempo de Carnificina | Venom: Let There Be Carnage | 2021 | EUA, Reino Unido | 97 min | Direção: Andy Serkis | Roteiro: Kelly Marcel | Elenco: Tom Hardy, Woody Harrelson, Michelle Williams, Naomie Harris, Reid Scott, Stephen Graham, Peggy Lu.
Distribuição: Sony.