O filme Venom se difere do universo Marvel ao qual pertence por se aproximar do gênero terror. A produção é dos estúdios Sony e não Disney, o que talvez explique a abertura para essa ambientação distinta.
Em sua estória, uma nave enviada por uma grande corporação retorna do espaço trazendo alguns seres alienígenas, os simbiontes, que necessitam de um hospedeiro para sobreviver. O milionário dono dessa empresa é o vilão Carlton Drake (Riz Ahmed), que não hesita em sacrificar humanos como cobaias testados para serem hospedeiros. O repórter Eddie Brock (Tom Hardy) invade o laboratório de pesquisas para reunir provas para denunciar Drake, mas seu corpo é invadido por um simbionte.
A partir daí, Eddie passa a compartilhar seu organismo com o alienígena. Dessa forma, adquire superpoderes que o ajudam a se desvencilhar da perseguição dos comandados de Drake. Quando o megaempresário também se torna um hospedeiro, ele duelará com Eddie pelo destino da Terra.
Um monstro poderoso
À primeira vista, a figura do Venom lembra o Homem-Aranha na cor preta, mas a sua proporção gigantesca logo afasta essa lembrança. De fato, Venom é um monstro horrendo e ameaçador, com uma enorme língua e poderes muito superiores aos do herói aracnídeo. A voz criada para ele, sintetizada e grave, assusta como se pertencente a um ser sobrenatural de algum filme de terror. O monstro dialoga com o humano Eddie, enquanto compartilham o mesmo corpo, disputando suas ações como um grilo falante das trevas. Como toda relação simbiótica que funciona, surge o equilíbrio entre Eddie e Venom, inclusive com algumas (poucas, felizmente) piadas entre eles.
O ator Tom Hardy coloca muita intensidade em seu personagem, dando ao filme o tom de seriedade proposto em seu roteiro. Definitivamente, a versão do simbionte sem hospedeiro é horripilante, uma meleca negra rastejante que antecipa o monstro da terceira temporada de Stranger Things. Por falar em antecipação, os drones de Drake que perseguem Venom parecem ter inspirado o exército robótico de Homem-Aranha: Longe de Casa que, aliás, também é uma produção da Sony.
Alguns problemas
Contudo, o filme Venom possui um início fraco, mal produzido, quando mostra a nave espacial retornando para a Terra. É uma sequência feita em computador com pouco realismo, parecendo um desenho animado. Ademais, o ápice do filme, em termos de ação, representado pelo duelo entre Venom e Drake desaponta, também, pelos efeitos visuais que tornam a luta difícil de seguir.
Assim, o que salva o filme é a atenção em construir o personagem principal – tarefa possível pela ótima atuação de Tom Hardy – e as demais cenas de luta e perseguição pelas ruas de San Francisco. Além disso, certamente pelo clima de horror criado pelo visual assustador do simbionte sem hospedeiro e com hospedeiro, e pela voz que estremece o cinema, exclusividade da versão do alienígena com hospedeiro.
Ainda que apresente suas falhas, vale a pena conferir o filme Venom. Pelo menos, para conhecer essa criatura longe de ser um super-herói tradicional. Se gostou, aguarde, pois a parte dois já foi anunciada para 2020.
