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Vidas Passadas (filme)
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Vidas Passadas

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

O amor que o imigrante sente pelo país que deixou vira romance em Vidas Passadas (Past Lives), primeiro longa da diretora Celine Song, que estreia nos cinemas brasileiros em 25 de janeiro de 2024.

O filme se divide em três tempos, separados entre si por doze anos. Antes de tudo, o prólogo traz um flash forward com os três protagonistas em um bar, sendo escrutinados por pessoas que estão fora do quadro. A visão dessas pessoas é a que a câmera mostra. Como Alvin Singer e Annie Hall em Noivo Nervoso, Noiva Neurótica (1977), elas tentam adivinhar qual é a relação entre os três que estão ali no balcão. O propósito do flash forward, de instigar a ansiedade do espectador em saber o que levará a essa situação, aqui funciona muito bem. Comumente usado nos filmes de suspense, o uso nesse romance soa inusitado. Mas é eficiente, pois à medida que a história se desenvolve, mais o público fica intrigado com essa conjuntura aqui antecipada.

De doze em doze

No primeiro terço, Nora (que ainda não adotou esse nome ocidentalizado) e Hae Sung estão com 12 anos de idade e moram em Seul. Estudam na mesma escola e se amam. Mas a família de Nora resolve emigrar para os Estados Unidos. A decisão é definitiva, os dois se separam e perdem contato entre si.

Doze anos depois, eles encontram o perfil um do outro no Facebook. Mas como ela vive agora em Nova York e ele continua em Seul, os dois se reveem através de uma videochamada. O momento é repleto de fofura, eles conversam com muita naturalidade, reconectando aquele afeto que sentiam quando crianças. O amor está no ar, mas a distância impede que o relacionamento avance.

Mais 12 anos se passam sem eles se falarem. Surge, então, a oportunidade de finalmente se encontrarem em pessoa. Hae Sung vai para Nova York passar alguns dias de férias. Desta vez, o contato físico, marcado por abraços fortes e demorados, substituem as palavras que agora não conseguem expressar. Um rápido flashback relaciona os dois se olhando de perfil na calçada com as duas grandes esculturas na praça em Seul onde eles brincavam. Porém, Nora já está casada com outro homem, o judeu Arthur (John Magaro), há sete anos. Aquele flash forward, assim, gera ainda mais ansiedade no público.

A conclusão que faz chorar e pensar

Apesar das emoções pulsantes, há a necessidade de contenção. Nora ama Arthur e o que ela sente por Hae Sung não vai abalar seu casamento. Sabendo disso, a diretora Celine Song reserva para a penúltima cena (que deveria ser a última, devido à sua contundência) uma inesperada explosão de choro, propositalmente detonada para fazer os espectadores saírem do cinema com lágrimas no rosto. É um dos raros casos em que o final é tão bom que eleva o filme.

E, ainda, convida a reflexões. Entre elas, uma leitura que permite enxergarmos o amor de Nora por Hae Sung como uma metáfora do seu amor pela Coreia do Sul. Ela ressente a falta de Seul, como comenta diante do vídeo que Hae Sung lhe envia de cima de um teleférico. Na videoconferência do segundo terço, a saudade predomina e a deixa dividida. Mas, aos 36 anos, ela já está estabelecida nos Estados Unidos, como demarca o seu casamento com Arthur (que não por acaso é americano). Vem daí a explosão do choro, porque essa vida que ficou no passado não tem mais espaço na sua vida de agora.

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Ficha técnica de “Vidas Passadas”:

Vidas Passadas | Past Lives | 2023 | EUA, Coreia do Sul | 105 min | Direção: Celine Song | Roteiro: Celine Song | Elenco: Greta Lee, Teo Yoo, John Magaro.

Distribuição: Califórnia Filmes.

Onde assistir:
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