“Vingadores: Guerra Infinita” reúne uns vinte super-heróis! É a mais grandiosa produção envolvendo os personagens da Marvel, o que, por si só, já atrairia espectadores suficientes para torna-lo o blockbuster de 2018. Mas, além disso, faz a feliz opção de seguir a trilha da trilogia dos filmes do Capitão América. E não apenas dos dois filmes próprios dos Vingadores anteriores. Com efeito, é a assinatura dos irmãos Anthony Russo e Joe Russo na direção que tem feito a diferença.
Tamanha quantidade de heróis se justifica pelo imenso poder do vilão, Thanos, que cresce a cada uma das seis pedras espalhadas pelo universo que consegue reunir. O filme se inicia no momento em que ele destrói Asgard para se apossar de uma dessas pedras, chocando o público por derrotar Hulk, e, talvez, matar Thor e Loki. O derrotado gigante esverdeado é enviado de volta à Terra, onde existem duas pedras, uma com o Dr. Estranho e outra com o Visão. Enquanto isso, no espaço, os Guardiões da Galáxia entram no conflito quando resgatam Thor em Asgard, e porque Gamora revela ser a filha adotiva de Thanos. Assim, divididos em grupos, os heróis tentarão evitar, na Terra e no espaço, que o vilão consiga todos as pedras que lhe poderão dar o poder absoluto.
Ação segmentada
Para manter o nível mínimo de individualidade de cada super-herói, o filme os divide em grupos, cada um com quatro deles, em média. Isso resulta na sua longa duração, duas horas e meia. Mas, isso também acaba levando a outro aspecto, esse positivo, que é mais tempo de ação do que de conversa. Dessa forma, aperfeiçoa o que não funcionara nos outros lançamentos da Marvel, sem impedir, no entanto, que ainda existam piadas, e, diante do tom sombrio dessa aventura, o alívio cômico é necessário.
O humor envolve, principalmente, alguns personagens que acabam sendo os alvos das partes engraçadas, como caracterizar Thor como um cara fortão e bonito, mas sem inteligência, Drax como gay, Quill como o trapalhão, Homem-Aranha como o moleque inexperiente, etc. “Os Vingadores: Guerra Infinita” faz graça também com fatores fora do filme, como escalar Peter Dinklage, o anão de “Game of Thrones”, como um gigante. Nesse sentido, Bruce Banner não consegue que Hulk apareça quando necessário, uma alusão à impotência masculina.
Desafios da produção
Na pré-produção, os realizadores anunciaram a grande quantidade de super-heróis presentes no filme. Em especial, os Guardiões da Galáxia e o Dr. Estranho, que ainda não estavam conectados com os Vingadores no cinema. Com isso, um dos maiores receios que surgiu era forçar uma solução para justificar suas presenças. Contudo, as soluções encontradas amarram bem essas questões.
Outra dificuldade, essa não totalmente resolvida, está na comparação de poderes entre os super-heróis e os vilões. Como explicar que Thanos resiste aos golpes do Hulk mas sente os ataques do Homem-Aranha e do Capitão América, só para citar dois exemplos? Mais complicado ainda é procurar alguma medida entre as forças místicas do Dr. Fantástico, ou os raios do Homem de Ferro, e a energia que Thanos gera com as pedras. Enfim, como não estamos diante de cartas de Super Trunfo, essa questão não pode ser facilmente explicada, salvo se se inserisse algum informativo cansativo no filme.
Efeitos visuais
Os diretores Anthony Russo e Joe Russo conseguem manipular habilmente os efeitos visuais, desacelerando o ritmo para evitar que a ação computadorizada fique incompreensível para o espectador. E buscam mostrar na tela os atos de cada personagem, afinal, é isso que os fãs querem ver. No quesito efeitos especiais, a trama ajuda ao levar algumas lutas para o espaço, onde tudo se torna mais aceitável para o público do que quando elas se passam em uma cidade já conhecida, que lhe permite uma referência de comparação. No entanto, as cenas mais fracas quanto a efeitos são aquelas em que centenas de animais extraterrestres atacam no fantasioso território do Pantera Negra. Eles são tão numerosos que lembram os zumbis de “Guerra Mundial Z” (World War Z, 2013). Por isso, fica impossível entender o que se passa na tela com cada personagem.
O final polêmico, na verdade, não define nada. Não é um final propriamente aberto, representa aquele ponto, comum nos roteiros baseados na “Jornada do Herói” criada por Joseph Campbell, em que tudo parece perdido. O próprio Thanos já fez uso de uma das pedras que possui, a do tempo, para reverter uma situação presente envolvendo o Visão, portanto, algumas surpresas reconfortantes nesse sentido podem acontecer no próximo filme da saga, ainda sem título, mas já programado para 2019. Ele contará com a presença de outros personagens heroicos: a Capitã Marvel, a Vespa e o Homem-Formiga. Mas, não há nenhuma dúvida de que o desfecho do próximo filme envolverá a vingança dos super-heróis.
Ficha técnica:
Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, 2018) EUA, 156 min. Dir: Anthony Russo, Joe Russo. Rot: Christopher Markus, Stephen McFeely. Elenco: Scarlett Johansson, Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Elizabeth Olsen, Tom Holland, Mark Ruffalo, Robert Downey Jr., Jeremy Renner, Josh Brolin, Sebastian Stan, Chris Evans, Chadwick Boseman, Anthony Mackie, Chris Pratt, Karen Gillan, Zoe Saldana, Dave Bautista, Peter Dinklage.
Walt Disney Studios