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Poster do filme "Bringing Out the Dead"
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Vivendo no Limite

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

23 anos depois de Taxi Driver (1976), Martin Scorsese e Paul Schrader se juntam para novamente mostrar uma Nova York decadente. Em Vivendo no Limite (Bringing out the Dead), no lugar de Robert De Niro, Nicolas Cage é quem tece seus comentários em primeira pessoa sobre esse cenário deprimente, enquanto roda as ruas da cidade à noite. Cage interpreta Frank Pierce, um paramédico atormentado pelos pacientes que não conseguiu salvar. Entre eles, uma jovem que aparece nas suas constantes alucinações, acusando-o de ser o culpado pela morte dela.

O blues “T.B. Sheets”, de Van Morrison, embala a abertura do filme, que acontece no começo dos anos 1990. Frank Pierce consegue salvar da morte certa, por ataque cardíaco, o pai de Mary Burke (Patricia Arquette) que, dali em diante cruza recorrentemente com o protagonista. Enquanto isso, o pai dela permanece na UTI.

Vivendo no Limite acompanha a estressante rotina do plantão noturno de Frank. Em constante frenesi, as drogas o colocam no ritmo desse trabalho. Mas ele está sempre à beira do colapso, como muitas das vítimas de seus atendimentos. Não é surpresa, por isso, que eles sejam recorrentes. E, se Frank parece sempre alucinado, os seus parceiros, que se revezam a cada noitada (eles sempre fazem a ronda em dupla), estão com níveis de adrenalina ainda maiores. Então, se tornam um atrativo adicional para o filme, ainda mais porque interpretados por atores do porte de John Goodman, Ving Rhames e Tom Sizemore.

Scorsese alucinado

Além disso, numa bela sacada, o próprio Scorsese, com sua característica fala acelerada, empresta a sua voz para o anunciador de emergências pelo rádio da ambulância. A participação do diretor, aliás, instiga a interpretação de que o filme é uma analogia de seu vício com cocaína. Scorsese enfrentou sérios problemas com drogas na época do fracasso comercial de New York, New York (1977). Quem o salvou desse inferno foi Robert De Niro, ao insistir que dirigisse Touro Indomável (Raging Bull, 1980), que se tornou um sucesso.

Em Vivendo no Limite, Mary Burke causa esse efeito em Frank Pierce, através do pai dela. Por causa, ou talvez não, do seu constante estado alucinatório, Frank ouve o pai pedir para que o deixem morrer. Ao aliviá-lo desse sofrimento, o protagonista consegue, finalmente, expurgar a culpa que sente pelos pacientes que não conseguiu salvar. Isso porque passa a encarar a morte sob outra perspectiva. Nessa parte final, em algumas cenas, o uniforme branco de Frank ganha uma super exposição que cria um efeito cintilante, assemelhando a sua presença à de um anjo.

Vivendo no Limite possui um ritmo muito mais acelerado do que Taxi Driver, que mostra o personagem principal mergulhando cada vez mais em sua loucura. Nesse filme posterior, o protagonista já está afogado na sua rotina frenética. Por isso, o estilo de direção é diferente. Scorsese arrisca efeitos visuais alucinógenos, com cores saturadas, imagens desfocadas, e truques para retratar o que o personagem vê em sua imaginação. Em contraponto, procura também expor a realidade desumana dos hospitais superlotados, e do trabalho insano dos paramédicos nos bairros modestos. Em suma, um Scorsese diferente, mais aberto à inventividade experimental, talvez buscando retratar o caos que viveu sob dependência das drogas.  

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Ficha técnica:

Vivendo no Limite | Bringing out the Dead | 1999 | EUA | Direção: Martin Scorsese | Roteiro: Paul Schrader | Elenco: Nicolas Cage, Patricia Arquette, John Goodman, Ving Rhames, Tom Sizemore, Marc Anthony, Mary Beth Hurt.

Onde assistir:
Nicolas Cage em cena do filme "Vivendo no Limite"
Nicolas Cage em cena do filme "Vivendo no Limite"
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