Considerando o vasto histórico irregular dessa franquia da Marvel nos cinemas, X-Men: Fênix Negra desponta como um dos seus melhores filmes. Simon Kinberg, que trabalha com os heróis mutantes desde X-Men: O Confronto Final (2006), pela primeira vez assume a direção, além do roteiro.
X-Men: Fênix Negra encerra a fase iniciada com X-Men: Primeira Classe (2011), que conta com James McAvoy (como Charles Xavier), Michael Fassbender (como Magneto) e Jennifer Lawrence (como Raven), entre outros atores. E que não tem relação com aquela outra com Patrick Stewart e Hugh Jackman.
1992 – O enredo
A nova aventura pega o gancho do filme anterior, X-Men: Apocalipse (2016), que introduziu Jean Grey (Sophie Turner) como a mais poderosa dos mutantes. Assim, o filme começa com um evento trágico na infância de Jean. Dessa forma, explica o motivo da relação conflituosa de Jean com o dom que ela possui, bem como sustenta o papel de Charles Xavier como seu protetor.
A estória principal se passa em 1992. Quando uma nave espacial enfrenta problemas no espaço, o presidente dos EUA pede ajuda aos X-Men para resgatarem os astronautas. Na missão, Jean se sacrifica e absorve uma descarga de energia que quase a mata.
Com isso, Jean não só sobrevive, como seus poderes aumentam até o nível de um big bang que pode dar origem a um planeta. Por isso, extraterrestres chegam à Terra para roubar esse poder de Jean. A líder deles é Vuk, que assume a forma de um ser humano (Jessica Chastain). Adicionalmente, a exposição de Jean a essa energia derruba o bloqueio que Xavier colocara na mente dela para que ela superasse seu trauma de infância e pudesse se controlar. Sem ele, Jean passa a ser um perigo para os próprios X-Men, o que provoca uma cisão no grupo entre aqueles que querem matar e os que querem ajudar Jean.
Jean Grey
O filme acerta ao se concentrar na personalidade de Jean Grey. E explora com profundidade essa personagem que detém o maior poder de todos os mutantes. Conhecemos seu conflito interno e como ele afeta sua relação com esse poder. Sua história ainda contribui para desvendar o enigmático Xavier, questionado até por Raven. Dessa forma, X-Men: Fênix Negra evita dispersar a atenção do público com todos os membros do X-Men, um dos problemas da maioria dos filmes da franquia. Em paralelo, não se restringe apenas a um deles, como foi feito em X-Men Origens: Wolverine (2009). Aliás, a escolha de Sophie Turner para o papel de Jean Grey é mais que acertada. Na verdade, o filme até aproveita a imagem que a atriz herdou de mulher poderosa conquistada nas três últimas temporadas da série Game of Thrones.
E essa preocupação em não diluir a atenção entre tantos personagens também foi considerada nas cenas de ação. Nesse sentido, evita ter um número excessivo de super-heróis no combate final, como acontece nos dois últimos filmes dos Vingadores, em que cada personagem tinha poucos segundos na tela. Para isso, alguns dos X-Men são deixados fora da luta, porque estavam feridos devido a um evento anterior. Por outro lado, as cenas de ação são boas, mas um pouco rápidas demais na montagem. Além disso, sofrem em conseguir empolgar com os personagens que não lutam fisicamente, que apenas movem as mãos para lançar algum tipo de poder. Por exemplo, o Magneto, a Tempestade e a própria Jean Grey.
Dark não só no título
Essencialmente, a última aventura dessa geração de X-Men possui um clima sombrio, um pouco do “dark” do título original. É uma despedida quase amarga antes do final, pelo menos com esses atores nesses papéis. E isso é enfatizado pela trilha sonora que constantemente gera tensão.
E, não poderia faltar uma pitada de feminismo, nessa época de Mulher-Maravilha e Capitã Marvel. Nesse sentido, Jennifer Lawrence, como Raven, provoca Xavier com autoridade, ao afirmar que as mulheres têm sempre salvo os homens ultimamente. Em seguida, ela sugere que o grupo deveria se chamar X-Women.
Essa crítica do filme X-Men: Fênix Negra ficaria incompleta se não fossem abordados alguns pontos que são spoilers. Portanto, não continue a ler se quiser evitá-los.
Atenção: spoilers adiante!
Como indicamos acima, X-Men: Fênix Negra não nega seu clima de despedida. Por isso, não titubeia em matar alguns dos protagonistas para criar cenas emocionantes. A mais contundente é a de Raven, uma das mutantes mais queridas desse universo. Na verdade, sua eliminação provavelmente deu um alívio para Simon Kinberg como roteirista. Afinal, com certeza era difícil criar novas oportunidades para ela colocar em ação o seu poder, que é a metamorfose.
Da mesma forma, o sacrifício autodestrutivo de Jean Grey também representa um obstáculo a menos caso se decida mudar de ideia e seguir com a franquia com esse time. Afinal, a mutante, com os poderes adquiridos nesse filme, se tornou imbatível. Portanto, isso demandaria muita imaginação para criar aventuras interessantes onde ela pudesse ser derrotada, uma dificuldade já vivida com Superman e agora com a Capitã Marvel.
O filme X-Men: Fênix Negra conclui no ápice uma fase que rendeu filmes melhores do que a que inaugurou a franquia dos mutantes no cinema. Resta aguardar o que o futuro aguarda para essa criação de Stan Lee e Jack Kirby.
Ficha técnica:
X-Men: Fênix Negra (Dark Phoenix, 2019) EUA. 113 min. Dir/Rot: Simon Kinberg. Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Sophie Turner, Tye Sheridan, Alexandra Shipp, Evan Peters, Kodi Smit-McPhee, Jessica Chastain, Scott Shepherd, Ato Essandoh, Bryan d’Arcy James, Halston Sage, Summer Fontana, Hannah Emily Anderson, Aphra Williams.
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