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Zé do Caixão (série)
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Zé do Caixão

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

A minissérie Zé do Caixão revela a figura lendária desse personagem que se confundia com seu criador, José Mojica Marins. Os seus seis episódios refletem a personalidade diferenciada do ator e cineasta. Além disso, permitem um olhar privilegiado sobre o seu método de produção improvisado com baixíssimo orçamento.

A narrativa segue a ordem cronológica, partindo de suas aulas de atuação até o primeiro longa-metragem. Na verdade, não era ainda um filme de terror, mas um inusitado faroeste brasileiro chamado A Sina do Aventureiro (1958). As locações em uma conservadora cidade do interior logo lhe renderam uma polêmica pelas libertinagens dele e de sua equipe e elenco. A série mostrará que Mojica sempre sofrerá ataques moralistas.

O grande momento de virada de sua vida pessoal e profissional acontece após uma sessão de descarrego em seu estúdio, para melhorar a situação financeira da sua produtora. À noite, Mojica tem um pesadelo onde ele é levado para uma tumba. O devaneio inspirou a criação do personagem Zé do Caixão, figura central da sua estreia no gênero terror com o filme Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver, de 1967. A sua ousadia em exibir cenas grotescas aterrorizou o público, transformando o filme num sucesso de bilheteria.

A vida de Mojica

Porém, a minissérie Zé do Caixão faz questão de evidenciar que Mojica nunca ganhou muito dinheiro. E sempre manteve a mesma trupe de técnicos, principalmente a montadora Dirce (Maria Helena Chira), que viria se tornar sua esposa, mesmo ciente de que Mojica era um mulherengo e traçava as atrizes dos seus filmes.

Mojica sofreria com a censura nos tempos do governo militar, quando seus filmes de terror foram proibidos e ele precisou realizar películas pornôs. A Embrafilme, órgão do governo dedicado ao cinema, não lhe concedia verbas públicas para suas produções, e sua decadência financeira está registrada na minissérie. Mesmo assim, Mojica dirigiu mais de 40 filmes em sua carreira.

O ator Matheus Nachtergaele prova seu talento e versatilidade ao construir um José Mojica Marins/Zé do Caixão idêntico ao original. Provavelmente, Nachtergaele deve ter se deliciado na elaboração de uma figura tão única, com um linguajar próprio, carregado na entonação e repleto de erros de português. Uma figura que poderia se tornar erradamente cômica, nas mãos de um ator menos hábil.

A minissérie também se preocupa em não transformar em comédia as bizarras situações de Mojica e sua turma. Pelo contrário, insere muita nudez (quase tanto quanto nos filmes que Mojica realizou) e consumo de drogas e bebidas, tornando a estória bem autêntica. E sempre divertida.

No último episódio, vemos uma montagem com cenas da minissérie ao lado das que aparecem nos filmes, um recurso muito utilizado mas que funciona muito bem para sublinhar a metalinguagem numa cinebiografia. A série deveria concluir aí, mas retorna para uma desnecessária cena onde o Zé do Caixão se apresenta com uma banda de heavy metal no palco.

Divirta-se e aprenda um pouco da história do cinema brasileiro com a minissérie Zé do Caixão.


Ficha técnica

Zé do Caixão (Zé do Caixão, 2015) Brasil. 45 min. Dir: Vitor Mafra. Rot: Ivan Finotti, André Barcinski, Ricardo Grynszpan. Elenco: Matheus Nachtergaele, Maria Helena Chira, Antonio Saboia, Felipe Solari, Vanesa Prieto, Mario Bortolotto, Gustavo Duque, Luciano Gatti, Mônica Grando.

Você pode assistir a minissérie Zé do Caixão no canal Space Brasil no Youtube.

Zé do Caixão (série)
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