Zona de Risco (Land of Bad) é um filme de guerra que prioriza a emoção e não o patriotismo barato de outros exemplares do gênero produzidos nos Estados Unidos. E, além disso, consegue empolgar. O que surpreende, pois o seu diretor, William Eubank, fez o fraquíssimo Ameaça Profunda (Underwater, 2020), cujo ritmo sonolento botava o público para dormir, com ajuda da escuridão imensa do seu visual. Desta vez, Eubank acelera o andamento e se beneficia do ambiente quase que totalmente solar.
O enredo de Zona de Risco trabalha duas linhas paralelas, mas entrelaçadas, que contribuem mutuamente para gerar tensão.
No campo de batalha nas Filipinas, está o jovem sargento da Força Aérea americana Kinney (Liam Hemsworth), o protagonista. Junto dele, o sargento mestre Sugar (Milo Ventimiglia) e os também sargentos Abell (Luke Hemsworth) e Bishop (Ricky Whittle). A missão do grupo consiste em resgatar um prisioneiro numa base militar inimiga.
Em Las Vegas, o capitão Reaper (Russell Crowe) auxilia a missão à distância, fornecendo informações sobre o que vê com um drone que sobrevoa a área, além de comandar aviões de bombardeio que estão à espreita.
Uma intervenção inesperada acaba com o plano dos americanos. Então, cabe a Reaper guiar remotamente o sobrevivente Kinney até um local onde possa ser resgatado. E, depois, ajudá-lo a salvar os colegas que ficaram prisioneiros.
Ajuda à distância
Esse esquema de ajuda remota funciona muito bem no filme. Principalmente, porque Reaper faz as vezes do espectador que está à frente do protagonista em perigo. Assim, Reaper conduz o público a vivenciar o nervosismo que ele sente por não poder fazer mais do que conduzir os passos do colega em risco. Dessa forma, ele pode, por exemplo, alertar sobre presenças inimigas por perto, mas apenas torcer para que os adversários não encontrem Kinney. Em alguns casos, somente resta observar se o colega consegue fugir dos tiros. Lembra até a cena em que Grace Kelly entra no apartamento do suspeito em A Janela Indiscreta (Rear Window, 1954). Quando a comunicação cai, então, a ansiedade dobra de tamanho.
O diretor William Eubank, além disso, conta com uma produção caprichada. Os muitos tiros e explosões resultam muito mais de efeitos práticos do que de visuais de computador. Da mesma forma, as filmagens em locações (na Austrália) acrescentam realismo às cenas de ação. Cabem, ainda, lutas corpo a corpo, para colocar a ação mais próximo do que as pessoas podem vivenciar – e não aquela usual troca de tiros que não tocam o público dessa forma. Posto isso, como todo filme de guerra, a violência causa impacto (especialmente nas cenas com os americanos presos), mas sem cair na apelação. É, enfim, tão violento quanto precisa ser.
Destacando os verdadeiros heróis
Além disso, Zona de Risco agrada, também, por não ser uma propaganda política sobre a força militar dos Estados Unidos. Pelo contrário, aqui se glorifica os verdadeiros heróis, aqueles que se arriscam no campo de batalha. Pois lá na base militar em Las Vegas, somente o capitão Reaper e sua colega, a sargento Branson (Chika Ikogwe), agem heroicamente, fazendo todos os esforços para salvar os colegas em perigo. Os demais, inclusive o coronel responsável pela instalação, estão ali apenas para cumprir o horário, como empregados desinteressados. Enquanto assistem a um jogo de basquete, não dão bola nem para os urgentes telefonemas que podem decidir a vida ou a morte de um colega (o que gera uma sequência de dar nos nervos).
Emocionante do primeiro ao último minuto, com uma derrapada na ideia do ressurgimento surpresa que salva Kinney e o coloca em nova missão, Zona de Risco surpreende. De quebra, ainda ganha pontos por vangloriar os verdadeiros heróis e não uma corporação.
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Ficha técnica:
Zona de Risco | Land of Bad | 2024 | 110 min | EUA | Direção: William Eubank | Roteiro: David Frigerio, William Eubank | Elenco: Liam Hemsworth, Russell Crowe, Luke Hemsworth, Ricky Whittle, Milo Ventimiglia, Chika Ikogwe, Daniel MacPherson.
Distribuição: Imagem Filmes.
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