Pesquisar
Close this search box.
Poster de "A Alegria é a Prova dos Nove"
[seo_header]
[seo_footer]

A Alegria é a Prova dos Nove

Avaliação:
4/10

4/10

Crítica | Ficha técnica

Em A Alegria é a Prova dos Nove, Helena Ignez levanta as questões que lhe são caras. Entre elas, memórias do passado, a sexualidade feminina, os personagens à margem da sociedade, os refugiados estrangeiros, os perseguidos políticos, a legalização das drogas, a contracultura. Nesse processo, recorre ao estilo dos seus anos de glória, os anos 1970, do cinema rebelde da Boca do Lixo, da quebra dos cânones cinematográficos por Carlos Reichenbach. Porque, a rebeldia ainda é um dos ingredientes para ser alegre diante de tantos desafios ainda a enfrentar.

Por isso, no primeiro capítulo (como se segmenta o filme), a protagonista Jarda Ícone – uma sexóloga interpretada por Helena Ignez – conversa com seu eterno amante Lírio (Ney Matogrosso) e se lembra dos anos 1970, quando eles viveram um tempo no Marrocos. Diferente de Lírio, Jarda não guarda apenas recordações felizes, como demonstra o estupro que ela sofreu de policiais espanhóis, numa cena típica da Boca do Lixo. Para dar mais força à cena, quem vive a versão jovem de Jarda é Djin Sganzerla, filha de Helena Ignez e Rogério Sganzerla. Em sintonia, a personagem Sheyla Fernanda (Bárbara Vida) parece vir direto de uma pornochanchada da época. O trecho em que ela fala umas baixarias e depois levanta seu vestido e mostra seu traseiro é indicação disso.

Um desafio para o público

A coleção de personagens é imensa, mas com poucos assumindo o protagonismo na narrativa. Isso não impede, porém, que ganhem suas próprias cenas, longe da presença de Jarda, que fica fora da tela em boa parte do filme. Alguns participam durante poucos minutos, apenas para dar o recado da causa que defende. É o que acontece com o refugiado palestino, o padre perseguido, a personagem trans etc. Fatalmente, não há tempo suficiente para se aprofundar em cada tema. Como resultado, a narrativa sofre com isso, e o filme perde o rumo, não chegando a lugar nenhum.

A conclusão, assim, não consiste num desfecho de uma história. Trata-se apenas da gravação do primeiro episódio do programa de Jarda sobre sexo feminino, comprada por uma emissora francesa. Embora não conclua o filme, representa o seu clímax. Se até então o longa já apelara ao grotesco para, dessa forma, chocar o espectador – estratégia surrupiada do Teatro Oficina de Zé Celso – o mau gosto atinge propositalmente sua apoteose nessa penúltima sequência, filmada à beira da piscina na casa de praia de Jarda. Para quem não tinha embarcado na exaltação à vida de Alegria é a Prova dos Nove, essa longa cena é uma tortura, pois reúne um pouco de tudo o que foi levantado antes, em movimentos lentos.

No fim, pela segunda vez, Helena Ignez olha para a câmera e pede a cumplicidade do público. Quem se juntar a ela, talvez sinta a sua alegria mesmo diante da vida difícil. Mas, gostar do filme é em si uma tarefa desafiadora.

___________________________________________

Ficha Técnica:

A Alegria é a Prova dos Nove | 2023 | 100 min | Brasil | Direção e Roteiro: Helena Ignez | Elenco: Helena Ignez, Ney Matogrosso, Amjad Milhem, André Guerreiro Lopes, Arthur Alves dos Santos, Barbara Vida, Dan Nakagawa, Danielly O. M. M, Djin Sganzerla, Fernanda D’Umbra, Fransérgio Araújo, Guilherme Gagliardi, Guilherme Leme, Jesus Cubano, Judite Santos, Julia Katharine, Lea Arafah, Mário Bortolotto, Michele Matalon, Negro Leo, Nill Marcondes, Rafael Rudolf, Samuel Kavalerski, Thaís de Almeida Prado, Vera Valdez.

Distribuição: Mercúrio Produções.

A Alegria é a Prova dos Nove (filme)
A Alegria é a Prova dos Nove (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo