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A Boa Mãe (filme)
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A Boa Mãe

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

A Boa Mãe (Bonne Mère) é o segundo longa-metragem que a atriz Hagsia Herzi realiza como diretora. Na comédia romântica Tu Mérites un Amour (2019), Herzi divertiu o público com as dificuldades de uma mulher (interpretada por ela mesmo) após se separar de seu namorado. Mas, desta vez, constrói um drama tocante sobre uma mãe de classe baixa que tentar dar a melhor vida possível para seus três filhos e seus netos.

A inspiração para contar essa história Hagsia Herzi encontrou em sua própria família. “Fui criada sozinha pela minha mãe, que era faxineira, pois meu pai faleceu quando eu era muito jovem. Eu tenho uma admiração sem limites por esta mulher que, quando acordávamos pela manhã, tinha preparado tudo para nós e já tinha saído para o trabalho. Eu queria fazer um filme sobre ela e todas as mulheres, sejam quais forem suas origens, que esquecem a si mesmas e constantemente colocam seus filhos em primeiro lugar.”, diz a roteirista e diretora.

A protagonista Nora (Halima Benhamed) trabalha na limpeza de aviões durante a noite, e cuida de uma senhora idosa durante o dia. Além disso, ajuda a cuidar da neta de três anos, pois a filha, mãe solteira, não assume essa responsabilidade. Mas, o que mais a atormenta é o fato de um de seus filhos estar na prisão. Por isso, visita-o sempre, e até se arrisca a levar um pouco de haxixe para ele. E ainda abdica da dentadura que tanto precisa e vende suas poucas joias para poder pagar a advogada que pode tirá-lo do encarceramento.

Realismo

Nora se sacrifica, mas com um zelo sincero em tudo o que faz. A admiração da cineasta pela sua mãe, que lhe serviu de modelo para esse personagem, resulta numa abordagem absolutamente favorável em sua construção. Assim, não há máculas nela, todos os seus atos revelam seu amor incondicional. Nesse ponto, é um retrato menos realista do que vimos em filmes recentes como o brasileiro A Felicidade das Coisas (2021), de Thaís Fujinaga, que não fugia dos defeitos da mãe protagonista. Por outro lado, busca o realismo nas locações em bairros pobres do norte da Marselha, na França. Em relação a isso, é particularmente marcante a montagem com rápidos planos de lugares abandonados, vazios, com entulho espalhado; um retrato próximo de Projeto Flórida (The Florida Project, 2017), de Sean Baker. São dois filmes que revelam a pobreza em países ricos.

O roteiro assume o formato narrativo de um breve instantâneo da vida do protagonista. Não há começo, meio e fim; salvo pela participação da senhora idosa na trama. O final abrupto, após uma montagem que mostra o bairro pobre e flagrantes da família de Nora, deixa a sensação de que nada mudará, a despeito do ritual esperançoso sugerido por uma cartomante. Mas, há mudança no arco de uma das personagens, a filha Sabah (Sabrina Benhamed), que, enfim, ajuda a mãe.

Diante desse formato, A Boa Mãe busca a emoção do espectador na figura forte de sua personagem principal. Interpretada com uma autenticidade ímpar por Halima Benhamed, em sua estreia como atriz, Nora se assemelha a uma mártir cristã. O filme não mostra seu sacrifício recompensado na tão desejada libertação do filho, mas nas pequenas doses de retribuição inesperada que ela recebe (do filho da senhora idosa, da sua própria filha, dos amigos do trabalho). O suficiente para nos emocionar.   

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Ficha técnica:

A Boa Mãe | Bonne Mère | 2021 | 99 min | França | Direção e roteiro: Hafsia Herzi | Elenco: Halima Benhamed, Sabrina Benhamed, Jawed Hannachi Herzi, Mourad Tahar Boussatha, Malik Bouchenaf, Justine Grégory, Maria Benhamed.

Distribuição: Zeta Filmes.

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