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Como Nossos Pais (filme)
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Como Nossos Pais

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

“Como Nossos Pais” retrata o universo feminino através da sua protagonista. Rosa (Maria Ribeiro), 38 anos, vive o momento da virada em sua vida, a partir do instante em que sua mãe, Clarice (Clarisse Abujamra), revela que ela é fruto de um adultério dela. Em outras palavras, ela não é filha legítima do homem que ela pensava que fosse seu pai.

O choque agrava a relação de ódio com sua mãe, mas Rosa precisa resolver essa questão porque Clarice só tem poucos meses de vida. Isso tudo desperta os impulsos conformados de Rosa. Por isso, ela não aceita mais o trabalho de redatora de folders de louças sanitárias, nem o marido engajado nas causas ecológicas que não trabalha e parece traí-la.

O filme trata os relacionamentos entre Rosa e sua mãe e Rosa e seu marido sem clichês, uma abordagem orgânica que desconforta o espectador.  A personagem parece não ser da ficção, mas real, com dramas sem soluções fáceis. Portanto, toma decisões em cima das incertezas, enquanto aprende a ser sincera consigo mesma. Ela deseja ser dramaturga, e só resolve encarar essa vontade como objetivo quando, após perder a chance de participar de um edital, a cutucam: “Você escreve para o concurso ou para você?”. Com isso, Rosa também permite se questionar se poderá trair seu marido.

Direção de Laís Bodanzky

Essencialmente, a diretora Laís Bodanzky usa os enquadramentos para contar essa história. Na primeira cena, a câmera está estática, enquanto Clarice, Rosa e o restante da família se preparam para o almoço. Os personagens se movem, mas o plano é fixo. Quase tal qual o cineasta japonês Ozu, cujo estilo influenciou “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert. Porém, aqui com a porta de correr marcando uma linha diagonal, e não a forma retangular ou quadrada perfeitamente simétrica do mestre nipônico. Em um momento posterior, todos os personagens que estavam na sala de estar saem do recinto e a câmera se mantém na taça de vinho e no cigarro que foram abandonados no local. Com isso, abre um momento de reflexão para o público. No entanto, mais contundente ainda, é Rosa isolada entre a parede e o pilar do apartamento, após uma briga com a filha pré-adolescente.

Por outro lado, não dá para negar que “Como Nossos Pais” ressoa com maior intensidade nas mulheres, assim como “Brooklyn” (2015) e “Lady Bird: A Hora de Voar” (2017). A diferença está na maturidade, não só das protagonistas, como dos filmes em si. Afinal, Rosa é uma mulher, não uma adolescente.

“Como Nossos Pais” foi o grande vencedor no Festival de Gramado de 2017, levando o Kikito de melhor filme, direção, atriz (Maria Ribeiro), atriz coadjuvante (Clarisse Abujamra), ator (Paulo Vilhena) e montagem (Rodrigo Menecucci).


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