“A Cabana” pertence àquele gênero de filmes sobre fé religiosa, com forte apelo comercial, principalmente em países com população majoritariamente cristã. Por exemplo, o Brasil, onde levou mais de 5 milhões de espectadores ao cinema, conquistando até agora a 7ª maior bilheteria do ano. Só para comparar, nos Estados Unidos, de maioria protestante, o filme ocupa a modesta 28ª posição.
A história
Sam Worthington, ator de “Avatar” (2009), interpreta um pai de família cuja filha mais nova desaparece enquanto ele acampa com seus três filhos. Logo, a polícia descobre que um maníaco a matou. Apesar de descrente, ele aceita um misterioso convite enviado por Deus para voltar ao local onde aconteceu o assassinato. Lá, encontra Deus, Jesus e o Espírito Santo, todos em forma de pessoas, que o ajudarão a aceitar o destino da filha e a ter fé.
Complacência
Essencialmente, “A Cabana” mantém um tom complacente durante toda sua exibição. Mesmo em cenas potencialmente tensas, como a do momento em que a filha desaparece, ou quando o pai encontra evidências de onde ela foi morta, a opção é manter o espectador distante do acontecimento. Nesse sentido, não há cortes abruptos, movimentos de câmera que possam criar maior dramaticidade ou suspense.
Pelo contrário, o que se emprega é o oposto. Por exemplo, na cena em que o pai encontra o vestido da filha na cabana, ao invés de potencializar o drama com um close no personagem, há um corte para o exterior da cabana, e ouvimos apenas o grito do pai. Da mesma forma, na parte inicial do filme, quando o menino envenena seu pai, há uma elipse logo após que o veneno é identificado pelo seu rótulo.
E o tom brando do filme se transporta para um colorido suave que procura representar o que seria o paraíso, lembrando cenas de “Amor Além da Vida” (What Dreams May Come, 1998). Naquele filme, Robin Williams interpreta um homem que procura sua finada mulher no paraíso. Adicionalmente, a trilha sonora com acordes de pianos esparsos e os constantes sussurros dos personagens colaboram para esse clima.
Aliás, a complacência é personificada por Octavia Spencer, figura perfeita para essa representação. Primeiro, ela surge como a vizinha do personagem de Sam Worthington quando criança, acolhendo o menino que sofre com o pai violento. Depois, como um Deus nada rancoroso, e essa abordagem de paz interior evidencia a mensagem que o filme procura, adaptando o best seller escrito por William P. Young.
Concluindo, “A Cabana”, como cinema, não inova, mas consegue transpor para as telas essa mensagem cristã, público alvo dessa produção.
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Ficha técnica:
A Cabana (The Shack, 2017) EUA, 132 min. Dir: Stuart Hazeldine. Dir: John Fusco e John Lanham & Destin Daniel Cretton. Com Sam Worthington, Octavia Spencer, Tim McGraw, Radha Mitchell, Megan Charpentier, Gage Munroe, Amélie Eve, Avraham Aviv Alush, Sumire Matsubara, Alice Braga, Graham Greene, Ryan Robbins, Jordyn Ashley Olson, Laura MacKillop, Emily Holmes, Derek Hamilton, Tanya Hubbard, Carson Reaume.