Pesquisar
Close this search box.
A Casa Que Jack Construiu (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

A Casa Que Jack Construiu

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

O cinema ganha mais um serial killer repugnante em A Casa Que Jack Construiu, do diretor Lars von Trier.

O assassino em série Jack, interpretado por Matt Dillon, é assustadoramente frio. E o filme o apresenta através de uma solução criativa. Ouvimos seu diálogo com um personagem enigmático enquanto a tela continua totalmente preta. Então, ele começa a contar a sua história, dividindo o relato em cinco incidentes aleatórios dos últimos 12 anos. Assim, acompanhamos apenas alguns dos vários crimes que ele cometeu.

TOC

Jack é um engenheiro que ama arquitetura. Ele tenta sucessivamente desenhar e construir uma casa, porém seu alto grau de transtorno obsessivo compulsivo sempre o faz destruir a obra e recomeçar um novo projeto. Aliás, as dezenas de assassinatos que ele comete fazem parte do plano de conseguir material para sua nova empreitada. Mas, o TOC segue atormentando. Por exemplo, o transtorno o obriga a retornar várias vezes para a cena do crime porque ele imagina que alguma mancha de sangue ficou no local.

A Casa Que Jack Construiu possui um humor negro que pode desagradar alguns espectadores. Afinal, o filme possui algumas atrocidades que até fazem o olhar se desviar da tela. Nesse sentido, podem ser imagens gore, como o rosto da senhora arrastada pelo carro, ou o ato maldoso do protagonista quando criança. Por outro lado, existe um sarcasmo nas falas do personagem misterioso que dialoga com Jack. Afinal, esse ser já viu vários casos similares ao de seu interlocutor. E, até mesmo um tom mais abertamente cômico surge nas reações da vítima que o assassino aborda fingindo ser um policial – as expressões dela remetem aos programas de “pegadinhas”. Igualmente, na chuva repentina que apaga as pistas do crime e na cena, citada acima, em que Jack volta várias vezes para limpar a cena do crime.

Doentio

E, o roteiro, também de autoria de Lars von Trier, ainda reserva um instigante debate de ideias de Jack com o personagem misterioso. Em certo momento, o serial killer equipara seus atos bárbaros com obras de arte.

Para construir o tom doentio das cenas de assassinato, Lars von Trier emprega a câmera na mão, muito trêmula, alternando rapidamente os planos bem curtos. Contando com a impressionante atuação de Matt Dillon, as mortes acontecem inesperadamente, retratando com eficiência a ausência do sentimento de culpa do psicopata. Além disso, a ideia de manter oculta a identidade do personagem que conversa com Jack se prova acertada, pois alimenta a curiosidade do espectador.

Sob outro aspecto, A Casa Que Jack Construiu se conecta com Anticristo (2009), do mesmo diretor. De fato, há um trecho desse filme numa das colagens e os mesmos corpos empilhados dentro da terra aparecem na parte final. Aliás, tal conexão se justifica porque, essencialmente, os dois filmes possuem um tema em comum.

Com tudo isso, A Casa Que Jack Construiu não é apenas mais um filme sobre serial killer. É um filme sobre serial killer escrito e dirigido por Lars von Trier. Ou seja, muito incômodo.


A Casa Que Jack Construiu (filme)
A Casa Que Jack Construiu (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo