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A Casa Sombria (filme)
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A Casa Sombria

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

A Casa Sombria aposta suas fichas na talentosa atriz Rebecca Hall e no claudicante diretor David Bruckner para contar a trama escrita pela dupla Ben Collins e Luke Piotrowski, que ainda não emplacou. Contrariando as expectativas, as maiores qualidades deste filme de suspense e terror estão na direção e no roteiro.

Rebecca Hall interpreta Beth, uma mulher que fica viúva quando seu marido Owen (Evan Jonigkeit) repentinamente se suicida com um tiro, dentro de um bote no lago em frente à casa que construíram juntos. Sozinha nesse grande e belo imóvel, Beth desconfia que Owen está de volta, mas tudo por ser apenas criação da sua mente. Quando encontra, no celular dele, uma foto de uma mulher que se parece muito com ela, resolve investigar.

O roteiro engata um mistério intrigante, pois Owen estava perseguindo mulheres que fisicamente parecidas com sua esposa (uma delas é interpretada por Stacy Martin, que realmente se parece com Rebecca Hall). Seria um fetiche ou algo mais obscuro? Então, o filme envereda por outra ideia curiosa – o marido, quando construiu a casa desenhou também uma planta alternativa, como um reverso do conceito original. E, de fato, Beth encontra essa versão alternativa em construção, do outro lado do lago. Lá dentro, corpos que indicam que o marido era um serial killer. Além disso, um boneco de uma mulher com estacas enfiadas, o que abre suspeitas de envolvimento com o obscuro.

A direção

O diretor David Bruckner realiza o melhor trabalho de sua carreira ao levar o roteiro de A Casa Sombria para as telas. Bruckner é um especialista no gênero – começou sua carreira em 2007 com o terror/ficção-científica O Sinal (The Signal, 2007). Depois, fez um segmento em cada um dos filmes episódicos V/H/S (2007) e Southbound (2015). Em seguida, o longa O Ritual (The Ritual, 2017) e dois episódios da série Creepshow (2019). Bruckner, Collins e Piotrowski colaboraram na realização de Sereia Predadora (Siren, 2016), quando a dupla de roteirista se baseou num curta do diretor. Agora, os três se reencontram em A Casa Sombria, e o bom resultado engatou um contrato para refilmarem Hellraiser (1987), de Clive Barker.

Uma ideia que estava no roteiro de A Casa Sombria representava um desafio para David Bruckner transformar em imagens. Eram as ilusões de ótica que em que Beth via um homem dentro de sua casa, ao alinhar sua visão num ângulo determinado que fazia os contornos dos objetos, móveis e paredes criar uma silhueta humana. É uma ideia semelhante à obra “All is vanity” (1892), de Charles Allan Gilbert, que também foi repaginada na capa do álbum “Retro Active” (1993), da banda Def Leppard.

Destaques

Outro momento de destaque em A Casa Sombria é a cena em que Beth descobre os corpos das vítimas de Owen na casa alternativa. Ainda uma obra em construção, o imóvel está coberto de plásticos transparentes pendurados no teto, como as paredes que vimos no filme A Casa que Jack Construiu (The House That Jack Built, 2018), de Lars von Trier. Este trecho é o mais assustador de A Casa Sombria, muito mais que o ataque da assombração, que também era muito difícil de adaptar, pois o agressor é invisível.

Além disso, cabem elogios ao uso do som, não só para os costumeiros sustos, mas também para criar a atmosfera de suspense e terror. A propósito, o filme consegue transformar a canção folk “The Cavalry Cross”, de Richard Thompson, em uma música assustadora, inclusive encaixando as suas letras no contexto do filme.

Personagens

Ainda em relação à trama, o personagem Owen, desde sua primeira aparição, num porta-retratos de Beth, aparenta ser uma pessoa do mal. Apesar de ele agir sempre pelo amor à esposa, ele comete crimes como um serial killer. Nesse intuito, assassina várias mulheres que se parecem com sua esposa, na tentativa de ludibriar a Morte, que a deixou escapar quando era jovem. Aliás, essa ideia é a melhor da trama, e seguir através dessa linha narrativa poderia resultar num filme mais forte do que o confronto entre a Morte e Beth.

Por outro lado, o ponto fraco de A Casa Sombria é a atuação de Rebecca Hall. Ela já provou que é uma atriz de talento, desde que despontou em Vicky Christina Barcelona (2008), chegando a impressionar em Christine (2016), como a apresentadora de TV que se suicidou ao vivo. Porém, desta vez ela não encontra o tom certo nos sorrisos nervosos de sua personagem, que soam como um deboche cínico.

Enfim, A Casa Sombria apresenta elementos que poderiam resultar num filme memorável. Em especial, o mistério e a motivação para o marido matar várias mulheres parecidas com a esposa. Contudo, após essa revelação, a trama se torna previsível.


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