Pesquisar
Close this search box.
A Crônica Francesa (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

A Crônica Francesa

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

A Crônica Francesa (The French Dispatch, 2021) confirma a inesgotável fertilidade criativa de Wes Anderson. O longa desafia os limites entre o live action e a animação, dentro de um universo de fantasia com um pé, ou melhor, um dedo do pé na realidade.

Desta vez, Wes Anderson ousa transformar papel em película, páginas em frames, ou, especificamente, uma revista em um filme. Assim como seu A Vida Marinha com Steve Zissou (The Life Aquatic with Steve Zissou, 2004) se inspirava em Jacques Costeau, aqui a fonte é a tradicional revista estadunidense The New Yorker, fundada em 1925 e ainda em publicação. Em A Crônica Francesa, ela ganha o nome de The French Dispatch, uma revista que iniciou suas atividades no Kansas (EUA) e depois se estabeleceu em Ennui, na França. Seu editor, Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray) acaba de morrer e os funcionários preparam a última edição da revista, seguindo o desejo formalizado em seu testamento.

Dessa forma, acompanhamos quatro matérias que entrarão nesse derradeiro número do The French Dispatch. Ou seja, é um filme em forma de antologia de contos, mas com essa embalagem jornalística.

As matérias

Um dos colunistas da revista, interpretado por Owen Wilson, apresenta a cidade de Ennui. Pedalando em sua bicicleta, ele retrata “um dia na cidade ao longo de 250 anos”. O segundo relato traz Benicio Del Toro como um condenado a longa pena na prisão por homicídio que descobre um talento nato para a pintura abstrata. Tilda Swinton apresenta numa convenção a trajetória deste artista, que teve ao seu lado a modelo Léa Seydoux e o marchand Adrien Brody.

Em seguida, acompanhamos Timothée Chalamet como um líder estudantil em protestos similares aos de 1968. Ele se envolve com a cronista do The French Dispatch, vivida por Frances McDormand, que escreve sobre ele e sua parceira interpretada por Lyna Khoudri.

Por fim, Jeffrey Wright conta como preparou a matéria sobre o chef de cozinha Nescaffier (Steve Park). Sua entrevista foi atribulada, pois aconteceu em meio ao sequestro do filho do comissário (Mathieu Amalric), para quem o chef trabalha.

O estilo visual peculiar de Wes Anderson marca todo os episódios, que alternam entre seu marcante colorido artificial, o preto e branco e até trechos de animação. Em alguns momentos, a composição do quadro se assemelha à capa e às páginas do The New Yorker, aqui transformado em The French Dispatch. Quem acompanha a revista, e conhece os seus conceituados escritores, poderá se deliciar em encontrar referências que identificam que é o alter-ego retratado no filme.

Fragmentação

Porém, ao fragmentar em contos, Anderson coloca uma quantidade grande de personagens no filme. Com isso, não conseguimos nos conectar emocionalmente com eles, como antes nos conectamos em Viagem a Darjeeling (The Darjeeling Limited, 2007). É como se não tivéssemos os irmãos protagonistas deste filme, e somente os variados personagens secundários que viajam nos vagões do trem. Porém, a segmentação é inevitável nessa transposição de uma revista para um filme, pois a publicação possui várias matérias em cada edição.

Ainda assim, o estilo Wes Anderson, cada vez mais exuberante, não estraga o filme. Por pouco, como se A Crônica Francesa fosse o limite do equilíbrio entre estilo e narrativa. Então, fica a expectativa se ele não ultrapassará essa fronteira em seu próximo trabalho.


A Crônica Francesa (filme)
A Crônica Francesa (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo