A Maldição da Chorona (The Curse of la Llorona) marca a estreia de Michael Chavez na direção de longa-metragens. O cineasta conseguiu esse projeto, produzido por James Wan (do universo Invocação do Mal), após seu curta The Maiden ganhar um prêmio no Shriekfest.
De fato, o júri do festival estava prevendo certo, pois Michael Chavez realiza um belo trabalho de direção em A Maldição da Chorona. Mostra que estudou e assistiu vários filmes de terror e, assim, já pode até ser chamado de especialista no gênero. Pelo menos, demonstra essa afinidade ao empregar vários elementos pertinentes a esse cinema.
Para começar, sabe movimentar a câmera, seja em travellings (muito frequentes no filme) ou com uma steady-cam (ou equivalente). Este último recurso está em evidência no plano sequência que abre a história e revela a correria da personagem principal, uma recém-viúva que se esforça para cuidar sozinha dos dois filhos pequenos enquanto trabalha no Departamento de Serviços Sociais da polícia.
Além disso, Michael Chavez também capricha nas imagens. Usa devidamente clichês, como o corredor com luzes piscando, com paleta de cores verde, e um menino se movimentando roboticamente, como se estivesse possuído. Há, da mesma forma, muitos reflexos, tanto em espelhos como na água (elemento conectado com a história, por conta das lágrimas da assombração que chora). E é através da imagem que o filme faz referência ao universo de Invocação do Mal, quando o padre menciona uma boneca assombrada e surge na tela Annabelle. Ademais, Chavez insere ainda um toque de humor no falso susto com o fantasma que aparece no desenho do Scooby-Doo que está passando na televisão.
Trama frágil
Mas o enredo não empolga muito. A tal maldição do título nasceu em 1673 no México. Uma mãe, com ciúmes do marido infiel, afoga os seus dois filhos, para, assim, ferir o pai. Porém, ela se arrepende e, como assombração, afoga outras crianças na esperança de recuperar os seus filhos que matou. Em Los Angeles, em 1973, Anna (Linda Cardellini), desempenhando sua função de assistente social, acaba sem querer deixando dois meninos à mercê da Chorona. A mãe deles, então, joga a maldição para cima de Anna. Com a ajuda de um ex-padre, agora curandeiro, a protagonista tenta salvar sua filha e seu filho dessa ameaça sobrenatural.
A Chorona surge de dia ou de noite e consegue se materializar e ferir suas vítimas. Mas o foco dela está em afogar crianças. Seria uma tarefa fácil para essa criatura poderosa, no entanto, ela falha duas vezes ao tentar matar a menina (que é a mais nova dos filhos de Anna). As tentativas fracassadas da Chorona acabam, assim, drenando o seu poder de assustar. E essa impressão acompanha o espectador até o desfecho, que deveria explicar o que Anna tem que nenhuma outra mãe assombrada tinha para ser a única a derrotar essa ameaça. Não era o curandeiro, pois este tinha ajudado também a vítima anterior. Seria porque ela é estadunidense e as outras mexicanas?
Enfim, A Maldição da Chorona contenta mais quem aprecia a forma dos filmes do que a sua história ou as emoções que eles provocam. É bem dirigido, mas não assusta nem empolga muito.
___________________________________________
Ficha técnica:
A Maldição da Chorona | The Curse of La Llorona | 2019 | EUA | 93 min. | Direção: Michael Chaves | Roteiro: Mikki Daughtry, Tobias Iaconis | Elenco: Linda Cardellini, Patricia Velasquez, Raymond Cruz, Sean Patrick Thomas, Madeleine McGraw, John Marshall Jones, Andrew Tinpo Lee.
Distribuição: Warner Bros.
Trailer: