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Invocação do Mal (filme)
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Invocação do Mal

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

James Wan preferiu não repetir o terror torturante de seu segundo longa Jogos Mortais (Saw, 2004), com o qual despontou como o novo grande talento dentro do gênero. Lapidou seu estilo, e atingiu seu ápice em Invocação do Mal (The Conjuring), um terror no estilo clássico.

A trama já chama a atenção por se basear em eventos reais, testemunhados pelo casal de “investigadores do paranormal” formado por Ed Warren e Lorraine Warren. Ed (Patrick Wilson) é o único demonologista não ordenado pela Igreja Católica, Lorraine (Vera Farmiga), uma clarividente. No filme, os dois já estão famosos, e o prólogo mostra uma investigação deles de 1968 sobre a boneca Annabelle (que se transformaria num longa no ano seguinte e passaria a incorporar o que seria chamado de “The Conjuring Universe”). Logo, descobrimos que esse registro faz parte de uma das várias palestras que a dupla ministra pelos Estados Unidos.

Assombração didática

Invocação do Mal acompanha um caso de 1971, sobre um casal e suas cinco filhas que compram uma antiga casa no campo em Harrisville, Rhode Island. James Wan não tem pressa em introduzir, aos poucos, alguns estranhos fenômenos que começam a surgir na casa. Mesmo sem mostrar nada de fato aterrorizante, o cineasta consegue criar um clima de muita tensão, obtido por uma mise-en-scène cuidadosamente pensada. Acima de tudo, se destaca a adequada movimentação da câmera, perfeitamente sincronizada com o que acontece na cena. Da mesma forma, a montagem possui vários cortes, criteriosamente planejados e encaixados, assim como cada um dos planos que entram na edição. Esse conjunto se intensifica conforme as atividades paranormais ganham maior presença. Até que, finalmente temos uma breve visão da assombração e isso engatilha a busca pela ajuda de Ed e Lorraine.

Em paralelo, o casal de investigadores ensina ao público de suas palestras (e deste filme) os três estágios da atividade demoníaca. Com isso, explica os fenômenos na casa dos Warren em Harrisville. Primeiro, vem a infestação; depois a opressão; e, por fim, a possessão. Sim, o filme já entrega que na parte final assistiremos a uma possessão. E isso reforça a impressão de que James Wan busca o terror clássico de O Exorcista (The Exorcist, 1973). Até porque o livro que deu origem a esse filme, escrito por William Peter Blatty, foi lançado em 1971; ou seja, na época dos fatos de Invocação do Mal e, portanto, estavam ali no zeitgeist. Aliás, não há dúvida de que a maquiagem das vítimas da possessão neste filme se assemelha ao que fizeram no passado com a atriz Linda Blair.

Terror com elegância

Mas, Wan opta por realizar um filme com menos violência explícita e menos cenas polêmicas, do que fez William Friedkin. Nesse sentido, Invocação do Mal soa como um terror elegante. São poucas as aparições sobrenaturais, apenas o suficiente para marcar a presença do terror. Uma decisão acertada, pois o público de hoje já não se impressiona com “monstros” tão facilmente; embora o próprio diretor viria a desmentir isso no seu futuro filme Maligno (Malignant, 2021). Por isso, ao invés de deixar o ser possuído na tela durante vários minutos, escolhe colocar um saco em sua cabeça.

Além disso, o uso de jump scares é sutil, o que até permite um falso susto não forçado, um pequeno toque de humor dentro desse filme de terror que consegue ser divertido. Outra prova desse tom menos pesado é a sequência da montagem dos equipamentos pelos investigadores.

Personagens engajantes

Acima de tudo, o que mais engaja o público é o magnetismo da dupla de protagonistas. Ed e Lorraine possuem uma química muito forte, e a confiança e o amor que sentem um pelo outro são convincentes, e vão além das constantes afirmações que fazem um para o outro. Por isso, o espectador dá um salto quando a filha do casal pode sofrer algum dano. Não à toa, os dois voltarão em outros filmes desse “The Conjuring Universe”.

A família, vítima da atividade demoníaca, também possui muita força de empatia. Como resultado, o final sentimental pega o público de surpresa, numa solução que poderia cair no piegas do “salvo pelo amor”.

A última cena fecha com inteligência esse provável novo clássico do terror. Na tela, vemos uma frase do verdadeiro Ed Warren afirmando que tanto o demônio quanto Deus existem, e que nossos destinos dependem de qual deles escolhemos para seguir. Então, o filme desafia o espectador apontando-lhe o espelho de um brinquedo que esteve presente na história. Um final genial para um terror de alta classe.


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