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A Mão de Deus (filme)
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A Mão de Deus

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Com A Mão de Deus (È stata la mano di Dio, 2021), o diretor Paolo Sorrentino reforça a vontade do cinema italiano de revisitar o passado do seu realizador. Recentemente, Cristina Comencini fez isso em seu De Volta para Casa (Tonare, 2019), que tal qual o filme de Sorrentino, se passa em Nápoles, e lembra o fim da adolescência. Em muitos casos, a nostalgia regride até a infância. Por exemplo, em As Irmãs Macaluso (Le sorelle Macaluso, 2020), de Emma Dante, e Respiro (2002), de Emanuele Crialese, bem como na primeira parte de Era uma Vez na América (Once Upon a Time in America, 1984), de Sergio Leone, que é citado no filme como o VHS que a família do protagonista aluga.

No filme, o alter-ego de Sorrentino é Fabietto Schisa (Filippo Scotti), um jovem de 17 anos que mora em Nápolis. A história se passa nos anos 1980, na época em que a maior expectativa da cidade era saber se Maradona seria contratado pelo time da cidade. Aliás, o título do filme vem da frase do jogador após marcar um gol na Copa do Mundo de 1986 contra a Inglaterra. A Mão de Deus acompanha um recorte da juventude de Fabietto. Justamente (como se poderia prever) quando ele vive experiências que marcam seu amadurecimento – como a morte de entes queridos e a perda da virgindade.

Fellini

A influência de Federico Fellini aparece com força em A Mão de Deus. O almoço em família de Fabietto logo traz à mente o universo felliniano, com vários personagens excêntricos com comportamentos quase grotescos, e muita malícia. Apesar das farpas que trocam entre eles, são lembranças ternas do diretor, misturando realidade e invenção.

A presença de Fellini se torna explícita, ainda que fora do quadro, quando Fabietto aguarda na sala de espera de uma audição do famoso cineasta para testar os figurantes que participarão de seu novo filme. Os personagens que aguardam a sua vez são tipicamente fellinianos, pessoas que não têm aparência comum, como diz o irmão de Fabietto que é um dos candidatos. Curioso, Fabietto espia e ouve a voz do diretor dando instruções aos assistentes.

Um outro momento, perto da conclusão, também parece saído de um filme de Fellini, pois parece um trecho de fantasia. Nele, Fabietto encontra o diretor Antonio Capuano (Ciro Capano), que lhe dá conselhos para o rapaz conquistar seu sonho de ser cineasta. A situação soa um pouco forçada, pois eles se conhecem na saída de uma peça de teatro e já engatam essa conversa reveladora. Porém, Capuano foi de fato um mentor para Sorrentino, apesar de que o encontro provavelmente foi diferente. Aliás, antes disso, Fabietto embarca num passeio noturno com um contrabandista de cigarros que também parece pouco provável.

A conversa com Capuano levanta outro tema, tão importante quanto a nostalgia. É o amor pela cidade de Nápoles, aqui retratada como um lugar peculiar e defendido pelos seus moradores. Assim como as memórias de Sorrentino, permanecem vivas as imagens de Diego Maradona pintadas nas paredes napolitanas. É esse sentimento de carinho que o diretor consegue trazer para A Mão de Deus.


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