Emma Appleton e Stefanie Martini em "A Máquina do Tempo"
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A Máquina do Tempo

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Egresso das funções técnicas de fotografia e elétrica no cinema, Andrew Legge estreia em longas-metragens numa produção que conversa diretamente com esses conhecimentos. Com o título A Máquina do Tempo (Lola, no original), o filme brinca com o conceito de found footage, pois se trata também de um lost footage. Ou seja, no próprio material encontrado, uma das protagonistas explica que todos os registros acabaram destruídos. Dessa foram, deixa a suspeita de que os eventos realmente aconteceram, mas não existem provas que os confirmem.

Nos típicos found footage, como A Bruxa de Blair (1999), o material encontrado está gravado em fitas VHS, filmadas em câmeras handycam. Então, mantendo essa coerência, como A Máquina do Tempo se passa na Inglaterra em 1941, Andrew Legge filmou tudo com câmeras e lentes autênticas da década de 1930. Em seguida, teve o cuidado de processar em um tanque de revelação de 16mm da era soviética. O resultado é deslumbrante, parece de fato um filme feito na época.

Mas, não bastam apenas os equipamentos e os processos para garantir a autenticidade. Andrew Legge adequa, também, a maneira amadora de filmar, com a câmera na mão e até ao captar qualquer coisa, quando a máquina cai no chão ou quem a segura se movimenta a esmo.

O enredo

Na trama, as irmãs Thomasina (Emma Appleton) e Martha Hanbury (Stefanie Martini) inventam uma máquina que pode interceptar transmissões de rádio e TV do futuro. No início, essa descoberta abre a possibilidade de elas descobrirem as músicas que virão a fazer sucesso. E se divertem ao som e imagem de David Bowie – além de apresentarem “You Really Got Me”, do The Kinks, bem antes de existir, lembrando a famosa cena com Michael J. Fox em De Volta Para o Futuro (1985).

Mas, percebem que podem ir além. Ouvem uma notícia sobre um bombardeio surpresa em Londres que acontecerá dali a alguns dias. Então, invadem as linhas de transmissão de rádio local para alertar a população. Salvam, assim, muitas vidas. Com a repetição reiterada dessa operação, elas acabam se expondo e são descobertas. Começam a contribuir oficialmente para a inteligência militar britânica, ganham notoriedade. Porém, os nazistas criam transmissões falsas, enganando as irmãs Hanbury.

O cenário se inverte. Elas são acusadas de serem espiãs das forças nazistas, que conseguem invadir e tomar a Inglaterra. Thomasina é obrigada a colaborar com os invasores, que ficam ainda mais poderosos com sua ajuda.

Universo paralelo

A partir de certo momento, A Máquina do Tempo parece entrar no terreno dos universos paralelos. Especificamente, questionando “e se os nazistas tivessem dominado o mundo?”.  O filme cai no fantasioso, com essa premissa que remete à série The Man in the High Castle (2015-2019), criada por Frank Spotnitz. Não deveria ter ido até esse limite, o que força o roteiro a derrubar essa hipótese ao final, destruindo as evidências de que isso teria acontecido.

Deixando esse batido multiverso de lado, A Máquina do Tempo é um filme sólido, mesmo sendo tão fantasioso. Afinal, amarra com coerência esses improváveis acontecimentos, a começar pela máquina chamada de Lola. Tendo em conta ainda a positiva experiência do uso de equipamentos e processos de revelação antigos, Andrew Legge desponta como um autor com características diferenciadas, que serão ou não confirmadas em seus futuros projetos.

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Ficha técnica:

A Máquina do Tempo | Lola | 2022 | Irlanda, Reino Unido | Direção: Andrew Legge | Roteiro: Andrew Legge, Angeli Macfarlane | Elenco: Emma Appleton, Stefanie Martini, Theodora Brabazon Legge, Francesca Brabazon Legge, Eva O’Brien, Rory Fleck Byrne, Aaron Monaghan, Cha Cha Seigne.

Distribuição: Pandora Filmes.

Trailer:

Onde assistir:
Stefanie Martini em "A Máquina do Tempo"
Stefanie Martini em "A Máquina do Tempo"
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