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À Meia-Noite Levarei Sua Alma
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À Meia-Noite Levarei Sua Alma

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

À Meia-Noite Levarei Sua Alma possui importância histórica no cinema brasileiro por apresentar o icônico personagem Zé do Caixão, criado por José Mojica Marins. Muitos consideram este o primeiro filme de terror brasileiro. E ele se tornou cult após seu descobrimento por críticos e cineastas estrangeiros.

A estória

O filme começa com uma bruxa introduzindo a estória com uma fala cheia de maus agouros, no estilo da caveira de Contos da Cripta. A trama se passa em uma pequena cidade do interior, onde vive o coveiro chamado Zé do Caixão. Ele debocha do céu e do inferno, não crê nem em deus nem em diabo. Quando ele desobedece aos dogmas cristãos e come um grande pedaço de carne na sexta-feira santa, sentado à janela para que a comunidade em procissão possa vê-lo praticando esse ato blasfêmico, ele começa a enlouquecer.

O coveiro se torna um assassino em série sádico, eliminando todos que o impedem de realizar seu desejo de ter um filho. Suas atrocidades incluem aranhas, estupro, olhos perfurados, mas a polícia não encontra pistas para incriminá-lo. Sua condenação virá através das forças sobrenaturais.

Análise do filme

A fotografia em preto e branco ajuda a tornar o filme muito sombrio. Ao mesmo tempo, contribui para camuflar o baixo orçamento disponível para sua produção. Por isso, as sequências que dependem de efeitos especiais foram editadas com planos curtos, para evitar que o espectador tenha tempo de perceber suas fraquezas. Nem tudo funciona bem, contudo. O recurso das pupilas que ganham ramificações negras, por exemplo, parecem convincentes nos planos em close-up. Mas, quando a cena corta para um plano um pouco mais afastado, as pupilas estão normais.

O roteiro possui um ritmo ágil, apresenta o Zé do Caixão como uma figura sinistra desde o início. E logo ele começa a cometer seus assassinatos. Mas, perde essa celeridade após a morte do delegado. Afinal, ele acompanha sua próxima vítima até uma casa distante, somente para justificar que, no retorno, ele enfrente as forças ocultas.

Definitivamente, o maior trunfo de À Meia-Noite Levarei Sua Alma é o próprio Zé do Caixão. Com um sotaque indistinguível e único, sem evitar erros de português, o protagonista conduz a narrativa declarando o tempo todo o que ele pretende fazer e o que ele pensa. Dessa forma, deixa claro sua crescente loucura. Com isso, gera uma ansiedade enorme por desafiar o sobrenatural. Afinal, o público sabe que ele logo será castigado.

José Mojica Marins consegue, assim, construir um personagem inesquecível. E, também, um filme que cumpre sua proposta de terror que a produção barata ajuda a tornar mais assustador, principalmente porque o cineasta tornaria tênue o limite entre ele e seu personagem. À Meia-Noite Levarei Sua Alma inicia assim sua carreira distinta como um dos mais prolíficos cineastas brasileiros. Talvez o maior dentro do filme B nacional.


À Meia-Noite Levarei Sua Alma
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